Entenda por que atendimentos de saúde mental cresceram até 96% neste ano em 2 cidades da região


Caps de Sumaré e Valinhos tiveram aumento entre 2023 e 2024, e psicólogo relaciona com efeito da pandemia. Sumaré e Valinhos registram alta no número de atendimentos nos CAPS
As unidades dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) de Sumaré (SP) e de Valinhos (SP) registraram crescimento nos atendimentos de 99,4% e 70%, respectivamente, nos primeiros oito meses de 2024.
🤔 Como funcionam? As unidades do Caps atendem pacientes de qualquer idade com problemas associados à saúde mental, como transtornos psicóticos, depressão grave e transtornos de ansiedade.
Os centros foram criados como alternativa para substituir as internações, e realizam terapias multidisciplinares ministradas por médicos, psiquiatras, psicólogos e enfermeiros. Todos os serviços oferecidos pelo programa são gratuitos.
Os Caps também fazer atendimentos personalizados para cada faixa etária e caso específico.
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Joel recebe tratamento em uma unidade do CAPS, em Suamré (SP), há 36 anos.
Reprodução/EPTV
O letrista Joel recebe tratamento para depressão, ansiedade e síndrome do pânico há 36 anos, desde quando era um adolescente. Ele está entre as cerca de 6 mil pessoas atendidas em 2024 no Caps de Sumaré, que viu a quantidade de atendimentos dobrar nos oito primeiros meses do ano.
Segundo a Prefeitura de Sumaré, entre janeiro e agosto de 2023, o Caps do município registrou 2,9 mil atendimentos. No mesmo período deste ano, foram 5,7 mil, alta de 96,5%.
Carlos Eduardo Cunha, psicólogo do Caps de Sumaré, explica que os aumentos podem estar relacionados ao comportamento introspectivo das pessoas, muitos deles adquiridos durante a pandemia.
Carlos Eduardo Cunha explica que aumento nos atendimentos do CAPS vêm de uma mudança de comportamento vindo da Pandemia.
Reprodução/EPTV
“Por mais que a pandemia já tenha ficado para trás, a gente percebeu que nesse período, as pessoas se tornaram muito introspectivas e passaram a perceber melhor aspectos da própria saúde mental, e perceberem que, para algumas coisas, era melhor procurar uma ajuda de saúde mental”, explica o especialista.
Valinhos
O aumento também foi observado em Valinhos (SP). Segundo a prefeitura, entre janeiro e agosto de 2023, as unidades do município contabilizaram 9,6 mil atendimentos. Em 2024, por sua vez, foram 16,3 mil, o que representa um aumento percentual de 69,7%.
Larissa Tavares, assistente social de formação que supervisiona o Centro de Atenção Psicossocial ” Dr. Carlos Hermenegildo Bissotto”, em Valinhos. Nessa unidade, os atendimentos são direcionados exclusivamente à crianças e adolescentes.
Larissa Tavares percebeu uma crescente na demanda de atendimentos à crianças e adolescentes.
Reprodução/EPTV
A profissional afirma que, entre janeiro e agosto de 2024, percebeu uma crescente na demanda de atendimentos de crianças. “Tivemos um aumento significativo de demanda, [que vieram] dos pais e de encaminhamentos diretos do ambiente escolas”, conta
🤔 Como a criança ou adolescente pode acessar o atendimento? Larissa explica que, para acessar o atendimento, o paciente precisa apenas comparecer ao centro. No caso de menores de idade, eles podem ser levados por um adulto, ou podem ir sozinhos. Mas, há casos em que elas são encaminhadas pelo colégio, quando percebe-se uma mudança de comportamento significativa.
CAPS infantil de Valinhos
Reprodução/EPTV
Apesar dos benefícios e da importância de receber um tratamento para melhorar a qualidade de vida, Larissa relata que é comum que os adolescentes e os pais deixem de procurar atendimento no Caps por medo de serem estigmatizados.
“Há páginas nas redes sociais que fazem piadas à respeito de adolescentes que frequentam o serviço, e isso repercute muito no grupo social. […] E eles [os pacientes] deixam de vir para o serviço, mesmo compreendendo a importância e o quanto isso está ajudando. Eles se boicotam.” relata Larissa
Com o diagnóstico e o tratamento correto, Joel consegue ter mais qualidade de vida e consegue fazer escolhas que façam melhor a sua saúde mental.
“Descobri que não consigo trabalhar em ambientes fechados, e com patrões. Gosto de trabalhar do meu modo, sem ninguém ‘botar ordem’ em mim”, conta Joel.
Joel recebe tratamento em uma unidade do CAPS, em Suamré (SP), há 36 anos.
Reprodução/EPTV
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