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Entrevista: Luizinho Lopes fala sobre final da Série C e trabalho no Brusque em 2023

O Brusque conta as horas para viver o momento mais importante de seus 36 anos de vida. Neste domingo (22), o clube disputa a final da Série C do Campeonato Brasileiro contra o Amazonas com a expectativa de um estádio Augusto Bauer lotado.

Técnico do Brusque, Luizinho Lopes conversou com a reportagem do Arena ND+ – Foto: Ian Sell/ND

E quem é peça crucial desse ano tão vitorioso do Quadricolor é o treinador Luizinho Lopes. Natural do Rio Grande do Norte, ele chegou ao clube em dezembro de 2022 e encantou.

Estudioso e “apaixonado” por futebol, como o próprio se define, Luizinho conversou com a reportagem do Arena ND+ na tarde deste sábado (21).

O bate-papo, que durou cerca de 30 minutos, abordou a final da Terceirona, os processos de trabalho do treinador no dia a dia do clube, questões táticas e, claro, a vida do profissional em Santa Catarina.

Confira a entrevista com o técnico do Brusque na íntegra:

Arena ND+: O que disputar essa final representa na sua carreira e no contexto do clube?

Luizinho Lopes: O sentimento é de gratidão por um trabalho muito bem realizado que foi iniciado ainda em dezembro, estamos colhendo os frutos. Chegou o momento dos jogos decisivos que culminaram no acesso onde falei com os atletas para trabalharmos muito para fazermos essa colheita completa, uma vez que plantamos bastante. O título de campeão brasileiro seria uma coroação, com o objetivo principal da temporada sendo conquistado. É claro que um acesso muda o clube de patamar, mas o título eterniza no currículo e na memória.

O quanto ter conquistado o acesso rodadas antes trouxe tranquilidade para o trabalho?

Falando por mim trouxe um momento de alívio após o acesso conquistado, tivemos a felicidade de nos classificarmos com duas rodadas de antecedência. Passou o tempo de comemorar, essa euforia e agora já concentrar a vida de olho na final.

O que esperar do Amazonas na final da Série C?

Esperamos um jogo muito difícil, os dois primeiros jogos que fizemos contra eles vencemos um e empatamos outro e nos dois tivemos jogadores expulsos. Espero que dessa vez a gente possa finalizar 11 contra 11. Os dois melhores times chegaram na final por direito, está muito bem entregue essa decisão. Precisamos fazer prevalecer o nosso mando para que a gente possa fazer por merecer o título.

Brusque e Amazonas empataram no jogo de ida por 0 a 0 – Foto: Ismael | @ismaelfotofc | Divulgação | ND

Fale mais sobre a sua relação com o clube e a cidade, por favor.

É uma relação ótima, a cidade me recebeu bem. Não é uma cidade muito grande, a gente encontra os torcedores pelas ruas e recebe o carinho. Tivemos bons resultados e isso ajuda bastante. Desde a minha chegada fui muito bem recebido por esse povo muito educado. Estou extremamente feliz aqui, ambiente bom, de paz.

Como foi para lidar com as oscilações da equipe durante a temporada?

Nós iniciamos a temporada ganhando a Recopa, depois veio a final do Estadual, onde chegamos de maneira invicta. Passamos também uma fase da Copa do Brasil, subimos e agora estamos na final da Série Cc. Foi uma temporada de muitos resultados conquistados. Durante as competições é normal a equipe oscilar. Mas eu diria que oscilamos mais em resultados do que em performance. Na maioria dos jogos nossa equipe sempre competiu bastante, sempre tivemos essa consciência de que íamos brigar para subir.

O senhor é um dos poucos treinadores no País com trabalho de início, meio e fim. O quanto isso agrega para o processo diário?

Extremamente importante, todo treinador sonha com a possibilidade de iniciar um trabalho, fazer a pré-temporada, iniciando as competições você ter a possibilidade de corrigir, de reorganizar. Aqui no Brusque estou conseguindo fazer isso. É bem verdade que primeiramente conseguimos resultados para a continuidade, geralmente no Brasil é assim. Os treinadores aqui no Brusque têm passado bastante tempo. Chegamos aqui sendo campeões contra um rival e isso deu mais confiança e tranquilidade para o início do trabalho, ainda mais que o clube tinha acabado de ser rebaixado.

O que o senhor não abre mão dentro das suas convicções no modelo de jogo?

Eu não tenha ideia fixa. Nós temos uma essência na nossa metolodogia de trabalho. Eu diria que se você não tiver competitividade e um comprometimento muito grande com essa questão de competir em alto nível, dificilmente você terá regularidade. As equipes hoje são muito organizadas taticamente, tudo está ao alcance de todos. Vejo a questão psicológica, comportamental, de competir, de se respeitar, não perder o foco, com todos seguindo no mesmo caminho. Sempre falo no vestiário que não podemos ser tão amigos ao ponto de não nos cobrarmos. Isso certamente fez a diferença no nosso trabalho esse ano. Eu preciso encontrar meios e maneiras de que o grupo se sinta assim.

A questão principal é ter uma adaptabilidade entre o que o treinador pensa e o que ele tem à disposição no elenco?

Acredito que sim, ambas as partes precisam se adaptar. Quando cheguei encontrei uma base, principalmente com relação a modelo de jogo preciso adaptar as caraterísticas dos jogadores as minhas ideias. A essência dá para você manter e fazer pequenas mudanças. Com o passar do tempo os jogadores também vão se adaptando as nossas ideias. Em algum momento um ou outro jogador precisa se sacrificar em prol da equipe, isso acontece. Mas eu me responsabilizo mais em tentar colocar cada uma em uma condição favorável dentro das nossas ideias, onde ele possa contribuir para a equipe e para ele próprio.

O senhor entende que a tática é uma ferramenta para potencializar o atleta individualmente?

Total. Da mesma maneira que a gente adapta o jogador ao nosso modelo de jogo, o jogador também se descobre dentro de um modelo onde algo novo é agregado a ele. Claro que não vamos ficar forçando uma situação, mas muitas vezes isso acontece naturalmente. A coisa casa naturalmente quando não há ideia fixa, nem do treinador nem do jogador. Quando tem resistência de um dos lados é que pode gerar um choque e as coisas não caminharem de maneira natural.

Como são feitos os processos de trabalhos individuais para os atletas no elenco do Brusque?

Hoje os trabalhos são integrados. Fazemos tudo de maneira coletiva, obviamente respeitando as individualidades. Temos complementos individuais sejam técnicos ou táticos. Por isso que precisamos ter tempo para trabalhar para que possamos contemplar esse tipo de trabalho, dar atenção a essas situações que precisamos corrigir. Essas correções individuais necessitam repetições e automatização. Um método que utilizamos, com relação a função e questões táticas, um jogador de determinada função, as correções que são feitas a ele eu sempre deixo claro que serve para todos os outros. Muitas vezes o erro de um serve de exemplo para todos os outros.

Como funcionam os processos de trabalho da sua comissão técnica, desde o momento que chegam ao CT?

Nos reunimos sempre antes dos treinamentos para deixar tudo alinhado. Quando pisamos no campo organizamos tudo, fazendo a gestão do espaço, os locais de cada exercício, preparação de goleiros, preparação física. Claro que é tudo integrado, mas nos distribuímos nas montagens. A parte principal do trabalho também já está montada, então os atletas se reúnem para um trabalho de rondo [bobinho] entre eles, depois disso iniciam o trabalho, que é divido entre três a quatro partes com o complemento individual. Tivemos um microciclo padrão na Série C que só variava se o jogo fosse sábado ou domingo. Os treinos são todos filmados, passamos a tarde analisando, essas imagens também chegam aos atletas. A gente sempre pisa no campo sabendo o que tem que fazer.

Quais as maiores peculiaridades e dificuldades que o clube enfrentou na Série C?

Na Série C um fato importante é a questão dos gramados. No nosso próprio campo eu tive muitos cuidados para treinarmos pouco ali para deixá-lo da melhor maneira possível. Dentro das condições do nosso estádio, acredito que ele nunca esteve tão preservado. Na final da semana passada o campo não estava em boas condições e isso interfere diretamente na performance. Encontramos campos que não estavam em boas condições e isso dificulta muito a ideia de colocarmos em prática um futebol vistoso. Essa questão cultural e estrutural dos clubes da Série C traz dificuldades, certamente. Até na Série A tem reclamação quanto aos gramados. Precisamos ter jogo de cintura e estratégia para lidarmos com as situações. Eu gosto de propor um futebol onde você coloque a bola no chão, mas eu também encontro essa dificuldade dos campos, então preciso me adaptar para diferentes situações onde inclusive o jogo peça algo mais direto.

Quem é o Luizinho Lopes fora do futebol?

Uma pessoa simples, extremamente família, temente a Deus. Sou muito comum, feliz. Gosto de viver os momentos de lazer junto com a família, eu estando com eles são os momentos mais felizes da minha vida. Mas também sou apaixonado por futebol, eu vivo para o futebol, quando estou com a minha família já estou pensando qual será o próximo treino, o próximo jogo, não sai da minha cabeça o projeto e o processo.

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