No Dia das Crianças, projetos sociais mostram que o futuro se constrói com arte e educação

O brilho no olhar, a força dos sorrisos, os rostos que refletem a inocência e a alegria de ser criança. São olhares leves, cheios de esperança e carregados de sonhos por um futuro melhor. Como já disse Mahatma Gandhi: “Se queremos alcançar a verdadeira paz neste mundo, devemos começar pelas crianças”. E é exatamente isso que se vê na Escola Olodum Sul e no Ceafis (Centro de Apoio à Formação Integral do Ser). Nesses projetos sociais, localizados na região continental de Florianópolis, o Dia das Crianças vai além de uma simples data comemorativa: é um lembrete de que o futuro depende do que está sendo construído agora.

Dança é uma das atividades realizadas nos projetos sociais – Foto: Germano Rorato/ND

Localizada no Jardim Atlântico, no antigo terminal desativado, a Escola Olodum Sul, única unidade fora de Salvador, promove um ensino baseado em princípios panafricanos. Voltada para crianças e adolescentes de comunidades de baixa renda e em situação de vulnerabilidade social, a escola atende jovens de 6 a 17 anos no contraturno escolar, oferecendo um espaço de aprendizado, cultura e identidade.

“O projeto começou efetivamente em julho de 2022, mas a estrutura foi iniciada em 2020, quando pegamos o prédio abandonado e fizemos as reformas. Hoje, contamos com 18 salas, refeitório, banheiros e estúdios de gravação para mais de cem crianças, entre manhã e tarde”, revelou o coordenador do projeto e professor de iniciação esportiva, Wake Rufino.

Wake Rufino, coordenador da Escola Olodum Sul, é também professor de iniciação esportiva – Foto: Germano Rorato/ND

As oficinas incluem aulas de cultura, cidadania, direitos humanos e meio ambiente, além de atividades de teatro, dança, capoeira e capacitações. O pequeno Vicente, de apenas 6 anos, participava da aula de cidadania na última quinta-feira (10). Seu pai, Fabiano Motta, é voluntário na instituição e ajuda nas produções de podcasts.

“É encantador vê-lo nesse meio. O relacionamento é a base de tudo, e aqui ele está em contato com outras crianças, aprendendo, se desenvolvendo. Além de estarmos fazendo tratamento aqui com psicólogo, pois ele foi diagnosticado com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), percebemos a melhora dele em diversos aspectos”, revela o pai, que conta que Vicente está curtindo ao máximo a fase de ser criança.

Nas aulas de dança, entre passos ensaiados e movimentos livres, as crianças encontram sua voz. Cada gesto criativo é uma expressão de quem elas são e do que podem se tornar. Helena Nogueira, de 12 anos, é um exemplo disso. Ela descobriu na arte uma forma de se comunicar e até já participou de um curta-metragem feito na instituição. “Estar aqui fez muita diferença pra mim. Eu ficava muito parada em casa, e aqui, além de me movimentar mais, estou aprimorando meu corpo e aprendendo muitas coisas”, conta.

Fabiano Motta, voluntário na Escola Olodum Sul, com o filho Vicente – Foto: Germano Rorato/ND

Ao som de “Pesadão”, da cantora Iza, Gregory Luiz, de 9 anos, mostrou com dedicação os passos que vem praticando. Seu olhar atento e os movimentos precisos revelam o quanto ele gosta do que faz. “As aulas de capoeira, dança e música são as que eu mais gosto”, afirma. A dança, especialmente, é sua favorita, um espaço onde ele se encontra e se expressa com alegria e determinação.

Sonhos que nascem no Ceafis

No Ceafis, localizado no bairro Monte Cristo, as oficinas da semana das crianças deram espaço para a criatividade. Cada rosto registrado pela câmera fotográfica conta uma história, um sonho. No dia da beleza, realizado na quinta-feira, enquanto pintavam, riam e se divertiam, o brilho no olhar se repetia em cada uma delas.

Perguntadas sobre o que querem ser quando crescer, as respostas são variadas: jornalistas, artistas, professores, escritores, médicos, engenheiros, jogadores de futebol. Para elas, o futuro é um campo aberto de oportunidades.

Isso é possível porque instituições como o Ceafis existem. A coordenadora pedagógica, Flora Maria Jorge, explica que a instituição começou há 27 anos, acolhendo crianças no entorno da praça XV de Novembro, no Centro da Capital. “A fundadora desse espaço percebeu que a maioria delas pertencia à comunidade do bairro Monte Cristo”, conta.

Mais de 130 moradores do Monte Cristo são atendidos no Ceafis – Foto: Germano Rorato/ND

Após muito trabalho, com o objetivo de levar essas crianças para a escola, o Ceafis hoje atende, diariamente, mais de 130 crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, dos 6 aos 17 anos. “Eles têm, todos os dias, apoio pedagógico, que dá um reforço na leitura, na escrita, no raciocínio lógico. Depois, têm aulas de dança, teatro, capoeira e oficinas coletivas, que incluem educação alimentar, socioambiental e artesanato”, cita.

Para Flora, é muito importante que as crianças tenham contato com outras realidades. “Eu passo a ser mais uma vozona do que coordenadora, sabe? Tenho um carinho muito grande por essas crianças. Estou aqui há 18 anos, e nossa metodologia são os valores humanos. Trabalhamos com eles valores como a verdade, a retidão, a paz, o amor e a não violência. É muito gratificante”, conta Flora.

Depois de frequentar por oito anos a instituição, Morgana Maria Staltr, de 19, hoje trabalha no Ceafis – Foto: Germano Rorato/ND

Atualmente, Morgana Maria Staltr, de 19 anos, trabalha como auxiliar administrativa na instituição, mas já foi aluna do Ceafis. “Eu entrei aqui com 9 para 10 anos e fiquei até os 17, quando saí porque não podia mais continuar. Depois, me tornei voluntária, saí para trabalhar em outro lugar e agora estou de volta, contratada”, relata.

“Quando eu era criança, aqui era pura alegria. Participava de todas as atividades, de todas as gincanas. Agora, ver eles participando das mesmas atividades é maravilhoso. Ser criança, pra mim, é alegria pura, diversão, e aqui eles sabem bem disso.”

Crianças beneficiadas pelos projetos sociais

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Ruan Pablo, 12 anos – Germano Rorato/ND

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Davi Luiz, 9 anos – Germano Rorato/ND

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Brayan, 8 anos – Germano Rorato/ND

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Kayllane, 6 anos – Germano Rorato/ND

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