Café em Florianópolis dispara e tem alta de 8,15% em setembro; Vietnã é uma das causas

No mês de setembro, Florianópolis registrou inflação de 0,4%, conforme o ICV (Índice de Custo de Vida), calculado pela Udesc (Universidade do Estado de Santa Catarina). Um dos produtos mais afetados foi o café em pó, cujo preço sofreu uma alta de 8,15%, após registrar 2,49% em agosto.

Belo Horizonte, Campo Grande e Florianópolis registraram os maiores aumentos no preço do café em pó, com mais de 8% de inflação – Foto: Beatriz Rohde/ND

A inflação geral na cidade acelerou levemente em relação a agosto, quando foi registrado um aumento de 0,32%. Este mês também supera setembro do ano passado, que ficou em 0,31%.

O índice acumulado dos últimos 12 meses subiu para 5,18%, o pior nível entre as capitais brasileiras. O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), divulgado na quinta-feira (10) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), revela um acumulado de 4,42% no país.

Na média brasileira, o café em pó teve alta de 4,02% em setembro e já havia registrado inflação de 3,7% em agosto. Entre os produtos com as maiores altas também estão o mamão (10,34%), a laranja-pera (10,02%) e o contrafilé (3,79%).

O que causou o aumento do preço do café em pó em Florianópolis?

A inflação é o aumento dos preços de bens e serviços, o que implica na diminuição do poder de compra da moeda – Foto: Beatriz Rohde/ND

A economista Bruna Soto, formada pela Udesc (Universidade do Estado de Santa Catarina), explica que a inflação do café em pó está relacionada às queimadas no Sudeste, região produtora de café.

“Uma das principais causas da alta do café é o clima no Brasil. A falta de chuvas, combinada com as queimadas, pode interferir não apenas agora como a longo prazo”, esclarece.

As queimadas afetaram as lavouras de café e os pés perdidos, que precisaram ser replantados, demoram para voltar a produzir. Em média, o cafezal pode levar de dois a três anos para iniciar a sua produção, mas o tempo varia segundo a espécie utilizada.

Com a alta do dólar, é mais vantajoso para os produtores brasileiros venderem ao mercado externo – Foto: Canva/ND

Além disso, Santa Catarina não tem um cultivo expressivo de café e depende do transporte, o que encarece o produto.

Bruna Soto também aponta que o mercado externo e a alta do dólar são responsáveis pelo aumento dos preços do café em pó. O Vietnã é o segundo maior produtor de café do mundo, atrás apenas do Brasil, e teve suas safras afetadas por chuvas intensas.

A inflação é o aumento dos preços de bens e serviços, o que implica na diminuição do poder de compra da moeda – Foto: Beatriz Rohde/ND

O tufão Yagi, que atingiu o país em setembro, deixou 296 mortos e mais de 1,9 mil vietnamitas feridos. O fenômeno também causou inundações e deslizamentos de terra na China, Filipinas, Hong Kong, Macau, Laos, Tailândia e Mianmar.

“A queda de oferta do café vietnamita fez o mercado externo se virar para o Brasil, favorecendo a venda, pelo produtor, ao exterior, devido ao valor no mercado”, observa Bruna Soto.

“Com o dólar alto, os produtores conseguem valores melhores no mercado externo e quando convertido para real fica mais vantajoso vender para fora”, conclui a economista.

Veja as capitais com as maiores inflações no café em pó

Os preços do café em pó aumentaram em todas as capitais brasileiras analisadas pelo IBGE em setembro – Foto: Beatriz Rohde/ND

Belo Horizonte, Campo Grande e Florianópolis foram as capitais que registraram o maior aumento nos preços do café em pó no mês de setembro, com mais 8%.

A inflação da capital catarinense é calculada todo mês por economistas da Esag (Escola Superior de Administração e Gerência) da Udesc.

O levantamento é divulgado desde 1968 para preencher a lacuna do IPCA do IBGE, que não inclui Florianópolis na lista de 16 capitais analisadas. O ICV da Udesc é calculado com a mesma metodologia do IPCA.

Confira o ranking das cidades onde o preço do café em pó mais subiu em setembro:

Quem não abre mão do tradicional cafezinho pela manhã deve ter notado a alta nos preços – Foto: Reprodução/ND

Belo Horizonte (MG): 9,86%
Campo Grande (MS): 8,40%
Florianópolis (SC): 8,15%
Curitiba (PR): 7,69%
Brasília (DF): 7,52%
Porto Alegre (RS): 7,35%
Vitória (ES): 5,58%
Goiânia (GO): 5,38%
Salvador (BA): 3,91%
Rio de Janeiro (RJ): 2,79%
Belém (PA): 2,7%
Recife (PE): 2,61%
Aracaju (SE): 2,37%
Rio Branco (AC): 2,12%
São Luís (MA): 1,88%
Fortaleza (CE): 1,52%
São Paulo (SP): 1,03%

Confira os alimentos e bebidas que registraram a maior inflação em setembro em Florianópolis:

O mamão está entre os produtos mais afetados pela inflação em Florianópolis – Foto: Unsplash/ND

Mamão: 10,5%
Costela suína: 9,1%
Café em pó: 8,15%
Leite condensado: 4,1%
Uva: 3,9%
Feijão preto: 3,7%
Água mineral: 3,33%
Açúcar refinado: 3,21%
Melancia: 3,12%
Óleo de soja: 2,8%
Pão de queijo (padaria): 2,78%
Patinho: 2,28%
Laranja paulista 2,09%

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