Leonardo diz estar ‘surpreso e muito triste’ após ter nome incluído pelo governo na ‘lista suja’ do trabalho escravo


Seis trabalhadores foram encontrados em condições análogas às de escravidão. Caso foi resolvido e arquivado em abril, segundo Ministério Público do Trabalho. Leonardo diz estar ‘muito triste’ após ser incluído na ‘lista suja’ do trabalho escravo
O cantor Leonardo usou as redes sociais, nesta segunda-feira (7), para dar esclarecimentos a seus fãs (veja vídeo acima). O posicionamento aconteceu depois que o artista teve seu nome incluído na ‘lista suja’ do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) após seis trabalhadores terem sido resgatados em condições de trabalho semelhantes à escravidão em duas fazendas de sua propriedade, em Jussara, região noroeste de Goiás.
“Gente, eu já plantei tomate, eu sei como é que é. A vida é difícil lá. Eu, do meu coração, jamais, jamais faria isso. Então, eu acho que há um equívoco muito grande sobre a minha pessoa. Eu não me misturo, eu não me misturo nessa lista aí que eles fizeram aí de trabalho escravo”, afirmou.
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Leonardo explicou que em 2022 arrendou uma parte da Fazenda Lakanka, da qual é dono, para que uma pessoa plantasse soja. Depois de um tempo, diz ter sido surpreendido com uma visita do Ministério Público do Trabalho e do MTE, que dizia que existiam funcionários em situação análoga a escravidão no local.
“Surgiu um funcionário lá nessa fazenda que eu arrendei, que eu não conheço, nunca vi falar, nunca vi, e de repente eu fui visitado pelo Ministério Público do Trabalho, e foi lavrada uma multa pra mim, pra mim que sou o proprietário da fazenda”, afirmou.
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O cantor disse que respeita as autoridades e que pagou as multas que recebeu, tendo o caso sido arquivado. O Ministério Público do Trabalho confirmou ao g1 que abriu inquérito civil em 2023, o procedimento correu em sigilo e foi arquivado em abril de 2024.
“Eu sou totalmente contra esse tipo de coisa”, reforçou Leonardo.
Leonardo se pronuncia após ter nome incluído pelo governo na ‘lista suja’ do trabalho escravo – Goiás
Reprodução/Redes sociais
A explicação dada pelo cantor já havia sido informada ao g1 pelo advogado dele, Pedro Vaz. Segundo a defesa, quando o Ministério Público do Trabalho se manifestou, um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) foi firmado, e “todos os problemas foram resolvidos”, mesmo sem serem de responsabilidade direta de Leonardo, dado o arrendamento da fazenda.
“Como a matrícula estava em nome do Leonardo, o Ministério Público do Trabalho propôs a ação. Na audiência, a gente apresentou o contrato de arrendamento e aí tudo foi esclarecido, mas pra que evitasse qualquer tipo de problema, nós pagamos todas as verbas indenizatórias naquele momento mesmo e tudo ficou sanado”, afirmou o advogado.
A defesa informou que “estão sendo tomadas as medidas necessárias para remover o nome de Leonardo da lista mencionada”.
O Ministério do Trabalho e Emprego explicou que a ‘lista suja’ é atualizada semestralmente e visa dar transparência aos atos administrativos decorrentes das ações fiscais de combate ao trabalho análogo à escravidão.
A inclusão de pessoas físicas ou jurídicas na ‘lista suja’ ocorre somente após a conclusão do processo administrativo que julga o auto específico de trabalho análogo à escravidão. Mesmo após a inserção na lista, conforme estipulado pelo artigo 3º da Portaria Interministerial que o regulamenta, o nome de cada empregador permanecerá publicado por um período de dois anos.
‘Lista suja’
Tarimba na qual irmãos dormiam juntos na Fazenda Lakanka do cantor Leonardo, em Goiás
Reprodução/Relatório Fotográfico da Inspeção
Segundo documento do Ministério do Trabalho e Emprego ao qual o g1 teve acesso, as fazendas Lakanka e Talismã, que pertencem a Emival Eterno da Costa (nome verdadeiro de Leonardo) foram alvos de fiscalização entre 18 e 29 de novembro de 2023.
Durante a ação, foram constatadas diversas irregularidades trabalhistas, incluindo a manutenção de trabalhadores em condições análogas à escravidão. Dos 18 trabalhadores encontrados, seis foram resgatados por estarem em condições degradantes, incluindo um adolescente de 17 anos realizando trabalho proibido.
O documento explica que, entre as irregularidades encontradas, estavam a falta de registro formal de empregados, ausência de contratos de trabalho e não anotação nas carteiras de trabalho.
Improvisação de ligação elétrica próxima ao compressor, em área utilizada como oficina e para abastecimento de máquinas na Fazenda Talismã, em Jussara, Goiás
Reprodução/Ministério do Trabalho e Emprego
Também foram constatadas condições precárias de alojamento, como falta de instalações sanitárias adequadas, falta de acesso à água potável, alimentação em condições insalubres, na Fazenda Lakanka, e ausência de equipamentos de proteção individual (EPIs) na Fazenda Talismã.
Segundo documento do Governo Federal, os trabalhadores viviam em uma casa abandonada, improvisando locais para dormir, com telhado danificado, infestação de morcegos e más condições de higiene e segurança.
O valor das rescisões pagas aos trabalhadores resgatados foi de R$ 39.157,50, e o valor do dano moral individual estabelecido foi de R$ 225 mil. Mas o documento não detalha valores específicos de multas aplicadas por cada infração.
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Cantor Leonardo é incluído pelo governo na ‘lista suja’ do trabalho escravo, Goiás
Reprodução/Governo Federal
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