Ordem para ataque a tiros durante comício em Bagé foi dada de dentro da prisão, diz PF


Prefeito eleito na cidade, Luis Fernando Mainardi (PT), falava com eleitores quando houve o ataque. Investigação indica que “todas as ações criminosas teriam como objetivo amedrontar alguns candidatos, bem como seus eleitores, interferindo diretamente no pleito eleitoral”, disse a polícia. Ataque a tiros, intimidações e ameaças: como traficantes agem para influenciar eleições
A Polícia Federal (PF) e a Polícia Civil descobriram que a ordem para o ataque a tiros que aconteceu durante um comício em Bagé, na Região da Campanha do Rio Grande do Sul, partiu de dentro da prisão. Veja, abaixo, o vídeo do ataque.
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Conforme as investigações, o mandante foi Tiago Ferreira, que teria dado a ordem usando um celular. Ele cumpre pena na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas: foi condenado a 321 anos de prisão por crimes como tráfico e homicídio.
A motivação para o ataque seria eleitoral, segundo as polícias: o objetivo era intimidar candidatos que não eram apoiados pelo grupo criminoso do qual Ferreira faz parte.
As polícias não divulgaram como um celular entrou em uma penitenciária de alta segurança. No entanto, afirmam que o aparelho foi apreendido e que foi identificada troca de mensagens entre o detento e uma candidata a vereadora em Bagé.
O ataque
Polícia Civil investiga disparos durante comício em Bagé
O comício foi em 15 de setembro. O então candidato pelo PT à prefeitura, Luis Fernando Mainardi, que foi eleito no domingo (7), falava com eleitores de cima de um caminhão de som quando houve o ataque a tiros (veja o vídeo acima).
“O caminhão estava estacionado aqui. O caminhão de som e eu. Tinha umas 800 pessoas aqui no comício, muitas crianças e, na hora, quando ouvi os estampidos…”, disse o prefeito eleito de Bagé, Luis Fernando Mainardi (PT).
Em pânico, centenas de pessoas que acompanhavam o comício saíram correndo. Entre elas, estava uma mulher grávida que acabou desmaiando.
“Idosos correndo, pessoas adultas, as crianças. Parecia filme de terror, todo mundo correndo e ninguém viu da onde vieram os tiros”, disse a mulher, que está grávida de três meses.
Suspeito do ataque identificado
Comício de candidato a prefeito foi alvo de ataque a tiros no interior do RS
Reprodução/TV Globo
As polícias afirmam que o suspeito de ter atirado com a arma de fogo foi identificado. Ele era uma pessoa que foi vista com o rosto coberto por um capuz.
No dia 24 de setembro, ele foi encontrado morto com ferimentos de tiros no rosto em Itaara, na Região Central do RS. A polícia suspeita que a morte teria supostamente ocorrido com o objetivo eliminar a ligação dele com a organização criminosa.
“Salienta-se ainda que todas as ações criminosas teriam como objetivo amedrontar alguns candidatos, bem como seus eleitores, interferindo diretamente no pleito eleitoral”, diz a investigação.
Transferência do mandante
O governo do estado afirma ter transferido Ferreira, suspeito de ser o mandante do ataque ao comício, de unidade prisional. Ele foi para uma onde há bloqueio de sinal telefônico. Veja a nota divulgada à imprensa abaixo:
“Após os acontecimentos de 15 de setembro em Bagé, a Polícia Penal realizou, no dia 26 de setembro, uma revista para cumprimento de mandados de busca e apreensão na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), com a participação do Grupo de Ações Especiais da instituição. A ação integra uma série de esforços empreendidos pelas forças de segurança para combater o crime organizado. Além disso, em 27 de setembro, o apenado foi transferido para o Complexo Prisional de Canoas, onde há bloqueador de sinal de celular. Após o episódio, o governador Eduardo Leite se manifestou dizendo que o ataque vai contra os princípios fundamentais da democracia, que se baseia no respeito às diferenças e no debate de ideias.
Desde 2019, o governo do Estado intensifica ações no combate ao crime organizado. Mais de R$ 600 milhões já foram investidos no sistema prisional gaúcho, permitindo a aquisição de equipamentos, armamentos, viaturas e capacitação de servidores. Somente em 2024, foram realizadas mais de 340 revistas gerais em todo Estado, que têm como objetivo identificar e retirar celulares localizados em unidades prisionais como forma de combater a comunicação ilícita do crime organizado. Os procedimentos estão atrelados às diretrizes do programa RS Seguro.
Na mesma linha, o governo efetuou a restrição do espaço aéreo para coibir os arremessos de ilícitos por meio de drones. Em parceria com a Agência Nacional de Aviação Civil, foi definido um sistema, conhecido como ‘no fly zone’, que proíbe o sobrevoo de drones nas áreas de estabelecimentos prisionais”.
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