Derrota de Ramagem no Rio de Janeiro é derrota de Bolsonaro em seu reduto eleitoral


Eduardo Paes foi reeleito com 60% dos votos; Ramagem ficou pelo caminho, com 31% dos votos. Octavio Guedes analisa eleição no Rio de Janeiro
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sofreu um revés significativo no Rio de Janeiro com a derrota de seu candidato, Alexandre Ramagem (PL), na Eleição 2024. Eduardo Paes (PSD), que buscava a reeleição, saiu vitorioso com 60% dos votos.
Embora Ramagem tenha alcançado 31% dos votos, o que era esperado como o piso para um candidato bolsonarista, o resultado reflete a perda de influência de Bolsonaro em seu tradicional reduto eleitoral.
Ao contrário de campanhas anteriores, Bolsonaro esteve fortemente envolvido na campanha de Ramagem, indo às ruas e comparecendo a eventos, como jogos de futebol, ao lado do candidato.
Esse engajamento direto é diferente da postura adotada na eleição de Marcelo Crivella, quando Bolsonaro adotou uma abordagem mais neutra, afirmando que, caso o eleitorado não votasse em Crivella, não haveria motivo para brigas.
Jair Bolsonaro (à esquerda) ao lado de seu candidato, Alexandre Ramagem e de Carlos Bolsonaro
Leslie Leitão
A derrota é vista como uma desmoralização não apenas para Bolsonaro, mas também para o governador Cláudio Castro, que apoiou Ramagem. Durante a campanha, Ramagem chegou a criticar duramente a gestão de Castro, chamando-a de “medíocre”. No entanto, o governador não reagiu às ofensas, o que contribuiu para seu enfraquecimento político.
A direita bolsonarista no Rio de Janeiro, que emergiu com força em 2016, teve vitórias expressivas com figuras como Flávio Bolsonaro, que superou as expectativas das pesquisas, e Witzel, que conseguiu uma virada histórica na eleição para o governo do estado. Esse movimento, impulsionado principalmente pelas redes sociais, surpreendia com frequência os institutos de pesquisa.
No entanto, o fenômeno parece ter perdido força nas eleições atuais. Em outros estados, como Minas Gerais, os resultados também mostram um desempenho abaixo do esperado para os candidatos alinhados com Bolsonaro, indicando um possível esgotamento do “voto da arrancada” que antes caracterizava suas vitórias eleitorais.

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