Suspeito de agredir idoso negro em Curitiba diz ter confundido vítima com suposto ladrão


Defesa diz que o operário agiu por impulso e que ele está arrependido. Homem disse à polícia ter sido induzido ao erro por outra testemunha. Polícia apura crime de racismo. Idoso ficou com corte profundo no queixo e teve próteses dentárias quebradas.
Reprodução/RPC
O suspeito de agredir com uma barra de ferro um idoso de 67 anos, negro, em Curitiba prestou depoimento à polícia nesta terça-feira (11) e disse ter sido induzido ao erro por uma testemunha.
Na semana passada, o aposentado Geneon da Silva esperava a esposa sair de uma consulta médica quando foi brutalmente agredido. Ele sofreu um corte profundo no rosto e teve as próteses dentárias quebradas.
O suspeito é operário e trabalhava em uma obra. De acordo com ele, a agressão foi cometida após uma mulher apontar Geneon como sendo um ladrão de carros da região.
“Na hora do desespero eu saí, olha, não vi, que cor que era, o que era né? Eu saí e agredi ele, sabe? Daí que eu fui cair na minha cabeça que não era ele, que o outro tinha pulado a grade, pulado a grade ali da linha do trem e tava correndo para cima com a mesma cor de roupa dele”, disse o suspeito em depoimento.
A defesa do operário afirma que ele agiu por impulso a partir do que, erroneamente, a testemunha apontou. O trabalhador disse que se arrepende e pede perdão a Geneon e à família dele.
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O delegado Wallace Brito, responsável pela investigação, abriu um inquérito para apurar o crime de racismo e agora pretende ouvir a mulher que apontou Geneon como um suposto ladrão.
“Resta saber agora se efetivamente isso foi motivado por uma conotação racista ou não. É um elemento subjetivo, não é tão fácil de levantar, mas nós acreditamos que, talvez, se fosse uma pessoa loira de terno e gravata e fosse apontado como o autor, será que ele agiria assim? São coisas a ser investigadas nos autos”, explicou o delegado.
Cicatrizes psicológicas
Na semana passada, a vítima disse acreditar ser associado a roubos apenas por estar parado no local pode ser um indicativo de racismo.
“Se fosse uma pessoa branca não ia sofrer o que eu sofri”, desabafa.
Para a família de Geneon, além das marcas físicas, a agressão deixa também marcas psicológicas.
“O que aconteceu não vai se apagar nunca da nossa memória, mas a gente quer justiça, quer que o agressor sofra as consequências do ato que ele cometeu”, afirma Simone Braghim da Silva, filha do aposentado.
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