Hyundai suspende vendas de escavadeiras em Roraima para frear avanço do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami

Medida vale também para as terras indígenas Kayapó e Munduruku, nos estados do Amazonas e Pará. Greenpeace encontrou 176 escavadeiras nesses territórios, sendo que mais de 42% delas foram fabricadas pela empresa coreana. Greenpeace monitorou 176 escavadeiras em territórios indígenas, entre eles o Yanomami
© Valentina Ricardo/Greenpeace
A HD Hyundai Construction Equipment (HCE) anunciou nesta sexta-feira (28) que vai suspender temporariamente a venda de escavadeiras em Roraima para frear o avanço do garimpo ilegal na Terra Yanomami. A medida foi anunciada após a divulgação do relatório do Greenpeace “Parem as máquinas! Amazônia livre de garimpo”, lançado no último dia 12 de abril.
O estudo mostra que entre 2021 e 2023, foram encontradas 176 escavadeiras nos territórios Kayapó, Munduruku e Yanomami, sendo que mais de 42% delas foram fabricadas pela empresa coreana Hyundai Construction Equipment – HCE. A suspensão também será válida para os estados do Amazonas e Pará.
Os equipamentos costumam ter um preço superior a R$ 700 mil e, segundo o relatório, uma escavadeira realiza em 24 horas o mesmo trabalho que três homens levariam cerca de 40 dias para executar. A fabricante fez a declaração em coreano e se comprometeu em publicar no site também em português nos próximos dias.
Além disso, a fabricante deve suspender a manutenção e o fornecimento de peças na região, até que consiga evitar que suas máquinas sejam usadas no garimpo ilegal. A empresa se comprometeu ainda em cooperar com o governo brasileiro “contribuir com uma sociedade sustentável por meio dos direitos humanos e da proteção ambiental”.
Maior território indígena do Brasil, a Terra Indígena Yanomami enfrenta uma grave crise sanitária e humanitária devido ao avanço do garimpo ilegal, que em 2022 cresceu 54%. No mesmo ano do aumento, o Fantástico à convite do Greenpeace, acompanhou um voo que flagrou uma estrada clandestina e três retroescavadeiras em plena atividade, a serviço do garimpo na região do Rio Catrimani, um dos mais poluídos por mercúrio dentro da Terra Indígena.
“A chegada das escavadeiras na Yanomami confere ao garimpo um patamar ainda mais destrutivo e potencializa os efeitos diretos e indiretos inerentes da presença de milhares de garimpeiros dentro do território. Então, essa é uma oportunidade de cortar o mal pela raiz antes que as escavadeiras façam um estrago maior ainda na TI Yanomami, que já está tão devastada pelo garimpo”, avaliou Danicley de Aguiar, porta-voz do Greenpeace Brasil.
O estudo “Parem As Máquinas! Por uma Amazônia Livre de Garimpo” foi realizado em parceria entre o Greenpeace Brasil e o Greenpeace do leste asiático. Ainda de acordo com o porta-voz, a expectativa é que com o relatório outras empresas também se atentem as suas práticas.
“Na jornada por uma Amazônia livre de garimpo, o setor privado pode e deve ser parte da solução é não do problema. Esperamos que todas as fabricantes de escavadeiras hidráulicas sigam o exemplo da Hyundai e reforcem seus compromissos com a proteção da Amazônia e dos direitos indígenas”.
A Hiunday também vai encerrar o contrato com a concessionária BMG, que liderou a venda de escavadeiras a garimpeiros, e se comprometeu a fazer o possível para realizar atividades de proteção da Amazônia e dos povos indígenas.
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