Homem que saca 2 armas durante ‘faroeste’ em bar é suspeito de ser segurança da maior milícia do RJ


Alcimar Badaró Jacques é policial penal e foi preso quatro meses depois do tiroteio na Zona Oeste. Ele é instrutor de tiro e durante anos deu treinamento para agentes penitenciários. A Seap abriu investigação para apurar a conduta de seus servidores na confusão. Homem que saca duas armas em ‘faroeste’ é suspeito de ser chefe da segurança de milícia de Campo Grande
O homem que aparece com duas armas nas mãos durante tiroteio em bar de Campo Grande, na Zona Oeste, foi identificado pela equipe do RJ2 nesta quinta-feira (27). Ele é o policial penal Alcimar Badaró Jacques, suspeito de ser segurança de chefes da maior milícia do Rio de Janeiro. O grupo criminoso domina áreas em Campo Grande e outros em bairros da região.
Badaró foi preso quatro meses depois do tiroteio no bar da Zona Oeste. Ao longo dos anos trabalhando na Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro (Seap), o policial foi instrutor de tiro e deu treinamento para agentes penitenciários.
A confusão no bar, um verdadeiro ‘Faroeste’, aconteceu na noite de 30 de janeiro de 2022 e deixou quatro pessoas feridas, sendo um deles com a perna amputada. O tumulto contou com, ao menos, seis agentes de segurança e outras pessoas armadas.
Badaró foi instrutor de tiro na Seap
Reprodução TV Globo
Badaró sacou duas armas durante tiroteio em Campo Grande
Reprodução TV Globo
Nesta quinta, a Seap abriu uma investigação para apurar a participação de servidores da unidade no tiroteio no bar de Campo Grande.
Entre os agentes, o policial penal Carlos Eduardo Serra da Silva foi flagrado atirando com uma cerveja na mão. Ele deu mais de dez tiros enquanto segurava sua bebida. Serra é identificado no processo na Justiça como vítima de tentativa de homicídio.
O policial penal Carlos Eduardo Serra é identificado no processo na Justiça como vítima de tentativa de homicídio.
Reprodução
Entre as cenas chocantes do tiroteio, é possível destacar imagens inusitadas: um homem com duas pistolas, um atirador que não larga seu copo, um rapaz ferido na cabeça bebendo cerveja, um homem agachado para escapar dos tiros e preocupado em não perder seu balde de bebidas, além de outro homem sentado no bar, tranquilo e calmo, enquanto tudo ao redor parece um caos.
Tiroteio no bar
Imagens a que o RJ2 teve acesso mostram a confusão no bar Beco. A confusão terminou com quatro feridos – entre eles um homem que perdeu a perna.
Os vídeos gravados em janeiro de 2022 só chegaram há pouco tempo às mãos das autoridades, que agora tentam identificar todos os envolvidos.
Um deles é o policial militar Felipe Cancellas, que já responde a um processo no 3ª Tribunal do Júri por quatro tentativas de homicídio e uma lesão corporal. Ele foi o único preso pelos tiros no bar.
A confusão teve início a partir de uma briga, em que alguns envolvidos puxam armas para apartá-la. Mas o grupo não se dissolve e parece aumentar. A maior parte das pessoas parece querer separar.
Um outro homem, no entanto, opta por jogar uma cadeira no grupo, mas é impedido enquanto a briga segue. Alguns dos envolvidos sacam armas, mas o movimento não surte efeito, nem choca nenhum dos frequentadores.
Tiros do lado de fora do bar
Quando a situação parece contida, uma correria começa. Uma câmera mostra que um homem atira de fora pra dentro do bar. Os tiros são disparados pelo PM Felipe Cancellas. Um homem que está na varanda, segurando uma cerveja, revida.
As pessoas ficam desesperadas, correm para dentro do estabelecimento. Quatro pessoas ficaram feridas. Uma delas é André Luiz da Silva Ferraz, que no vídeo aparece de camiseta amarela. Ele perdeu a perna esquerda após ser atingido.
O outro ferido é Fernando Carlos da Costa, também atingido na perna. A pessoa que cai baleada na varanda é Rafael Rosa de Macedo.
Rafael aparece na cena da briga e estava com o sargento da polícia militar Kleber Maciel. Foi o grupo que estava com o PM que partiu para briga.
O homem de boné que saca a arma e não larga a cerveja é o policial penal Carlos Eduardo Serra da Silva. Ele também é considerado vítima de tentativa de homicídio.
Uma mulher também está entre os feridos. Ela é Paula Nascimento de Souza, mulher de Felipe Augusto Cancellas.
Briga continuou em hospital
Segundo depoimentos de testemunhas, a confusão que começou no bar continuou no hospital Municipal Rocha Faria, em Campo Grande, também na Zona Oeste do Rio, e teve até agressões físicas.
No local, um dos PMs que participaram da confusão no bar voltou a se desentender, dessa vez com outros dois policiais que estavam na unidade de saúde.
“Sai da frente se não vou disparar em você. Sou jiujiteiro e vou te bater”, teria dito o soldado PM Felipe Augusto Cancellas para o sargento Maciel.
Cancellas chegou à unidade de saúde acompanhando Paula Nascimento de Souza, que tinha sido baleada no pé. Outras três vítimas do tiroteio no bar também deram entrada no hospital naquela madrugada.
O tumulto no hospital só terminou com a chegada de outras viaturas da PM. No local, os policiais de serviço levaram todos os envolvidos para a delegacia mais próxima, onde registraram a ocorrência.

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