Depoimento de médico que amputou braço de passista em cirurgia é marcado para sexta-feira

depoimento-de-medico-que-amputou-braco-de-passista-em-cirurgia-e-marcado-para-sexta-feira


‘Queremos saber o estado clínico da paciente ao chegar na unidade e o motivo que o levou a decidir pela amputação do membro’, explicou delegado que investiga o caso na 64ª DP (São João de Meriti). Alessandra dos Santos Silva
Reprodução/TV Globo
O delegado da 64ª DP (São João de Meriti) marcou para sexta-feira (28) o depoimento do médico que amputou parte do braço esquerdo da passista da Grande Rio e trancista Alessandra Costa. O procedimento foi realizado após complicações de uma retirada de miomas do útero.
O profissional trabalha no Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro (Iecac), em Botafogo, na Zona Sul do Rio.
“Queremos saber o estado clínico da paciente ao chegar na unidade e o motivo que o levou a decidir pela amputação do membro”, explicou ao g1 o delegado titular da 64ª DP, Bruno Enrique Abreu.
O delegado afirmou que recebeu o prontuário do atendimento no Iecac, mas que a delegacia não conseguiu realizar uma análise mais aprofundada.
“Só depois do laudo do IML saberemos se o tratamento foi o adequado e da maneira correta”, explicou ele. A polícia quer determinar se houve negligência ou imperícia.
Gustavo Machado, o médico responsável pela primeira cirurgia na passista, prestou depoimento na última terça-feira (25), na 64ª DP (Meriti). Ele disse que não houve negligência em seu atendimento.
Ainda não há a confirmação de depoimentos para esta quinta-feira (27).
Na terça-feira, Alessandra ficou contrariada ao saber do depoimento do médico negando negligência.
“Se eu tive o braço amputado foi para salvar a minha vida do estado que eu cheguei lá. Se eu tivesse chegado em bom estado, não teriam que ter feito isso”, concluiu.
Ao g1, a passista disse que o atendimento no segundo hospital salvou sua vida.
Segundo ela, o problema aconteceu no Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, no dia 3 de fevereiro, quando ela retirou miomas do útero. Ela acredita ter sido vítima de um erro médico.
Alessandra dos Santos Silva chega ao Souza Aguiar
Raoni Alves/g1 Rio
“Acabaram com a minha autoestima, acabaram com meu psicológico, acabaram com meu noivado. Me destruíram. É muito doloroso. Eles destruíram minha profissão. Cabeleireira, trancista, implantista. Como que eu trabalho agora? Vou sobreviver de que?”, questionou Alessandra.
LEIA TAMBÉM
Passista que teve braço amputado diz que 2° hospital salvou sua vida e critica o 1°: ‘Se eu tivesse chegado bem, não teriam que ter feito isso’
Hospital onde passista teve braço amputado diz que ‘medicamentos podem ter causado estreitamento de vasos’
Amputação após cirurgia: causas possíveis incluem trombose, efeito de medicação e hemorragia; entenda
O que dizem os envolvidos
A Fundação Saúde divulgou nota nesta terça-feira (25) sobre o caso da passista da Grande Rio Alessandra dos Santos Silva, que teve o braço amputado após ficar internada no Hospital Heloneida Studart, em São João de Meriti.
Segundo a administradora, que gerencia a unidade, a paciente teve uma evolução clínica desfavorável, em que foi preciso aplicar medicação para conter uma hemorragia, mas que pode ter gerado a complicação no braço e que levou à amputação.
“A Fundação esclarece que, apesar de todo empenho da equipe, lamentavelmente, a evolução clínica da paciente foi desfavorável. No pós-operatório, foi identificada uma hemorragia interna. Para salvar a vida da paciente, foi necessária a retirada do útero, transfusão sanguínea e administração de doses elevadas de aminas vasoativas, que provocam o estreitamento dos vasos sanguíneos para manter a pressão arterial, mas que podem causar uma oclusão arterial como efeito adverso. Levantamento preliminar do caso aponta que foi isso que aconteceu no braço da paciente”, diz a nota.
Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti
Reprodução/ TV Globo
Na sequência, a Fundação Saúde explica que foi feita a estabilização da paciente e a transferência para o Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro (IECAC), que tem equipe de cirurgia vascular, para o seguimento adequado do caso.
“Após esclarecimentos à família sobre a necessidade da amputação para salvar a vida da paciente, o procedimento foi realizado”, diz em outro trecho.
A direção do HMulher afirma ainda que manteve contato constante com a direção do IECAC para acompanhar a evolução de Alessandra, e que após sua alta médica, a equipe do HMulher fez contato com familiares e foi agendada consulta para acompanhamento ambulatorial.
“A Fundação Saúde se solidariza com a paciente e sua família e ressalta que Alessandra foi atendida durante todo seu período de internação por especialistas e tendo acesso aos tratamentos e medicamentos necessários para a preservação da sua vida”, frisa.
A Fundação instaurou sindicância para apurar toda a conduta médica e administrativa nas duas unidades de saúde.
“A equipe médica do Hospital da Mulher que atendeu a paciente está prestando todos os esclarecimentos solicitados pela Polícia Civil sobre os procedimentos realizados e está colaborando com todas as informações para a investigação. Os prontuários já foram entregues à polícia”, diz.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.