Lula e Pedro Sánchez fecham acordos e conversam sobre guerra entre Rússia e Ucrânia


Primeiro-ministro espanhol destacou que Espanha e Brasil querem o mesmo: paz. ‘Se queremos uma paz justa e duradoura, é fundamental dar voz ao país agredido, nesse caso a Ucrânia’. Lula disse que não cabe a ele dizer de quem é a Crimeia. Presidente Lula (PT) e o primeiro-ministro da Espanha
Reprodução/Twitter
O presidente Lula se encontrou nesta quarta-feira (26) com o primeiro-ministro e com o Rei da Espanha, no último dia da viagem à Europa.
Pedro Sánchez deu as boas-vindas a Lula no Palácio de La Moncloa, residência oficial e sede do governo espanhol.
O primeiro-ministro da Espanha e o presidente do Brasil conversaram a portas fechadas. Depois, ministros assinaram acordos para a cooperação entre universidades, para pesquisas em ciência e tecnologia, e para levar ao Brasil o modelo que a Espanha usou para regulamentar o trabalho em aplicativos.
Sanchez destacou que a Espanha e o Brasil querem o mesmo: a paz. Agradeceu a Lula pelos esforços para solucionar a guerra iniciada pela Rússia. Mas ressaltou: “Se queremos uma paz justa e duradoura, é fundamental dar voz ao país agredido, nesse caso a Ucrânia”. E deu nome ao agressor: o presidente russo, Vladimir Putin.
Lula disse que o Brasil tem uma dívida de gratidão com a Espanha – o segundo país que mais investe em solo brasileiro. O presidente repetiu a promessa de zerar o desmatamento na Amazônia até 2030 e defendeu a criação de moedas para transações comerciais na América do Sul e entre os países dos Brics.
O presidente brasileiro encerrou a primeira viagem à Europa neste terceiro mandato tocando no tema que se tornou o mais recorrente nos eventos em que esteve presente no exterior, desde que assumiu em janeiro: a sugestão de criar um grupo de países para discutir o fim do conflito na Ucrânia. Ao contrário do primeiro-ministro espanhol, Lula não citou o nome de Putin.
“Ninguém pode ter dúvida de que nós brasileiros condenamos a violação territorial que a Rússia fez contra a Ucrânia. O erro aconteceu, a guerra começou. Agora não adianta ficar dizendo quem está certo e quem está errado. Agora é preciso é fazer a guerra parar. Por que você vai discutir um acerto de contas quando parar de dar tiros. Nós vivemos num mundo em que o Conselho de Segurança da ONU, os membros permanentes, todos eles, são os maiores produtores de armas do mundo. São os maiores vendedores de armas do mundo e os maiores participantes de guerra do mundo. Então eu fico me perguntando se não cabe a nós, outros países que não somos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, fazer uma mudança na ONU?”, diz o presidente Lula.
Um repórter questionou sobre a Crimeia – península ucraniana anexada ilegalmente por Vladimir Putin em 2014. No início do mês, em Brasília, Lula tinha sugerido que a Ucrânia abrisse mão da região. O país respondeu que não renuncia a centímetro algum de seu território. Desta vez, o presidente brasileiro disse que o assunto não cabe a ele.
“Eu acho que quando você sentar numa mesa de negociação, você pode discutir qualquer coisa, até a Crimeia, mas não sou eu que vou discutir isso. Quem tem que discutir isso são os russos e os ucranianos. Não cabe a mim dizer de quem é quem”, explica Lula.
O primeiro-ministro espanhol também falou sobre as chances de o acordo entre o Mercosul e a União Europeia avançar. A Espanha vai assumir a presidência do bloco europeu em julho, quando o Brasil assume a do Mercosul. Alguns países travaram a ratificação do acordo fechado em 2019, culpando o aumento do desmatamento no Brasil. “Há poucos argumentos para que esse acordo não seja alcançado porque a Europa precisa de aliados. É por isso que nós, na Espanha, vamos trabalhar para superar essa resistência”, diz ele.
O último compromisso do presidente Lula na Espanha foi um almoço com o rei da Espanha. Felipe VI comentou os atos golpistas de 8 de janeiro, e se disse reconfortado pela resposta firme da sociedade e das instituições brasileiras, que demonstrou a saúde da democracia no Brasil.
LEIA TAMBÉM
Lula chega à Espanha nesta terça e tem encontro com empresários
O que é o acordo Mercosul-UE e por que Brasil quer ajuda da Espanha
Em Portugal, Lula volta a condenar invasão da Ucrânia pela Rússia

Adicionar aos favoritos o Link permanente.