Glocal Roraima propõe metas para desenvolvimento sustentável da Amazônia em carta


O Glocal Roraima é uma iniciativa da conferência Glocal Experience, que iniciou em 2022 no Rio de Janeiro. Entre os dias 27, 28 e 29 de agosto Manaus (AM) vai sediar a Glocal Amazônia. Representantes de diversos setores da sociedade debateram no Glocal Roraima
Samantha Rufino/g1 RR
“Parcerias e meios de implementação”, este foi escolhido como o principal Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) na edição do Glocal em Roraima. A escolha foi feita após um dia de diálogos, painéis e dinâmicas realizados nessa terça-feira (11) com cerca de 30 ativistas, pesquisadores empresários do estado.
AO VIVO: Glocal Roraima discute sustentabilidade na Amazônia
Ao fim do evento, os participantes elaboraram uma carta pelo Pacto Glocal, onde definiram propostas para desenvolvimento sustentável da Amazônia (leia a carta na íntegra), entre eles a criação de um fórum permanente de diálogo com órgãos do Estado. Para Raquel Wapichana, coordenadora estadual da juventude, do Conselho indígena de Roraima (CIR), o momento foi importante para a conversa plural.
“Isso é fundamental, o diálogo quando ele surge a partir de uma discussão onde há diversos há discordâncias, mas também no final a gente consegue se entender também como pessoas e isso é importante”, comentou.
Raquel Wapichana, uma das participantes do evento
Samantha Rufino/g1 RR
Os painéis do Glocal discutiram a “Garimpagem: de projeto de Estado à crise humanitária dos Yanomami” e “Soberania Alimentar e sustentabilidade Amazônica”. A programação finalizou com uma roda de conversa. O evento ocorreu no auditório do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), na avenida Governador Aquilino Mota Duarte, no bairro São Francisco, zona Norte de Boa Vista.
O Glocal Roraima é uma iniciativa da conferência Glocal Experience, que iniciou no ano passado no Rio de Janeiro. Em 2023, além do Rio de Janeiro, o evento vai ampliar seu alcance desembarcando em um dos maiores símbolos mundiais da pauta socioambiental: a Amazônia.
“Estou muito feliz porque nós conquistamos hoje a essa visão e essa iniciativa de um impacto que une povos indígenas originários, empresários, universidade e a sociedade como um todo. Agora vamos em frente, nós temos trabalho aqui pra realizar rumo a Globo Amazônia em agosto. Lá vai ser comunicado mais resultados do nosso impacto que iniciou aqui hoje em Roraima”, disse Rodrigo Baggio, Head da Glocal.
A participação da Universidade Federal de Roraima (UFRR) também foi expressiva. Pesquisadores e cientistas contribuíram com as discussões. Para Geraldo Ticianeli, reitor da instituição, a diversidade foi um dos destaques do evento.
“O Glocal traz essa possibilidade de uma roda de expressão, mais uma vez, com todos os atores envolvidos. Ele não escuta nem A, nem B, mas o A mais B pra que todos nós possamos chegar daqui alguns anos olhar para olhar para trás e perceber que nós fizemos alguma coisa. Hoje nós podemos através dessa discussão criar políticas públicas para nosso estado”.
Rodrigo Baggio é o Head do Glocal Experience
Samantha Rufino/g1 RR
O evento em Roraima teve parceria com o Sebrae e a Eneva, uma empresa de energia elétrica. A Rede Amazônica foi a emissora oficial do Glocal. De abril a junho, serão realizadas regionais Glocal em alguns estados da Região Norte.
Ao fim, entre os dias 27, 28 e 29 de agosto Manaus (AM) vai sediar a Glocal Amazônia, onde os resultados definidos no estados da região Norte serão debatidos através de painéis e diálogos.
“Juntamente com a organização da Glocal a gente se junta e junto aos atores que ajudaram a construir a demanda juntamente com os responsáveis pela execução da demanda é fazer com que cada um desses itens seja respeitado, seja alcançado porque tudo está sendo feito em prol da região amazônica”, finalizou Phelippe Daou Jr, CEO da Rede Amazônica.
Roda de conversa sobre garimpagem e a crise humanitária na Terra Yanomami.
Yara Ramalho/g1RR
Carta na íntegra
O Pacto Glocal surge com o objetivo de olhar para cada região, suas peculiaridades e desafios, pois acreditamos que a escuta é fundamental para o engajamento e a mobilização.
Em um dia de diálogo com painéis de conversas e dinâmicas conduzidas, cerca de 30 líderes locais discutiram as principais demandas do Estado de Roraima.
Foram debatidos os projetos de desenvolvimento para Roraima, a necessidade em contemplar um forte diálogo com os povos originários, respeitando sua cultura, e compreendendo, no entanto, que essas comunidades apresentam aspirações especificas.
Outro desafio que se apresentou é como criar um projeto de desenvolvimento para além da garimpagem que possa atender às demandas urgentes da sociedade por um consumo mais consciente e um planeta sustentável. Elaborado por diversos governos em âmbito nacional e regional, a exploração de ouro, diamante e outros minérios acabou resultando no aumento dos conflitos com os povos indígenas da região e na ampliação do narcotráfico internacional. Além, da poluição dos rios com mercúrio. Discutimos a crise que levou à retirada dos garimpeiros e os principais desafios que devem ser enfrentados para garantir a aplicação da lei em relação à Terra indígena Yanomami.
Um segundo tema essencial foi a agricultura familiar, o incentivo à produção local e a distribuição e consumo de alimentos para as cidades. A Amazônia abriga uma diversidade de plantas e animais, fontes importantes de alimento para as populações locais. A expansão da fronteira agrícola na região, associada a práticas insustentáveis de produção, pode ameaçar a segurança alimentar.
Nosso documento, o Pacto Glocal Roraima, foi desenvolvido e servirá de instrumento de ação e ferramenta para todos aqueles que almejam transformar e fazer a diferença nos territórios onde vivem.
Discutimos muito que todos os ODS são fundamentais, mas nesse momento histórico em Roraima o ODS 17 – Parcerias e meios de implementação – é o prioritário. Mas para isso precisamos discutir os princípios para que esses diálogos e parcerias possam ocorrem de forma respeitosa e eficiente
1 – Respeito a diversidade e as diferentes visões de mundo
2 – Discussão sobre modelo de desenvolvimento sustentável
3 – Respeitar os protocolos de consulta das comunidades indígenas assim como de outros atores envolvidos
Próximos passos, definimos que:
1 – Fórum de diálogo com os órgãos de Estado e os diferentes seguimentos da sociedade civil
2 – Amplificar o alcance dessas discussões para mobilizar a sociedade civil organizada com objetivo de gerar engajamento na construção de um cenário sustentável desejado
Realizaremos isso ao longo dos próximos meses e em 27, 28 e 29 de agosto, na Glocal Amazônia Manaus, continuaremos as conversas através de painéis e diálogos dando continuidade a esse importante processo iniciado em Roraima.
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