Grande Rio tem 11 crianças baleadas em menos de quatro meses; número já é maior que todo o ano de 2022


Última criança a ser ferida foi uma menina de 9 anos que voltava da escola na comunidade do Cajueiro, em Madureira. Ester foi atingida na cabeça e não resistiu aos ferimentos. Manifestação depois da morte da menina Ester; durante o enterro, mãe se agarrou ao ursinho da filha
Divulgação/ONG Rio da Paz
Levantamento do Instituto Fogo Cruzado mostra que, em menos de quatro meses, o número de crianças baleadas em 2023 no Grande Rio já é superior ao registrado em todo o ano de 2022. Ao todo, 11 crianças foram feridas por armas de fogo este ano – quatro delas morreram.
Veja os números:
2023: 11 (até o momento)
2022: 8
2021: 17
2020: 22
2019: 23
2018: 25
2017: 20
2016: 5
Uma das vítimas é a menina Ester Assis de Oliveira, de 9 anos. Ela voltava da confraternização de Páscoa da escola em que estudava quando foi atingida na cabeça durante um confronto entre criminosos rivais na comunidade do Cajueiro, em Madureira, na Zona Norte do Rio.
“Arrancaram o meu coração”, desabafou a mãe, Thamires de Assis dos Santos, no enterro da menina.
Mãe de Ester de Assis Oliveira no IML; Ester de Assis Oliveira
Rafael Nascimento/g1; Arquivo Pessoal
Os dados revelados pela plataforma são um alerta para a população, que teme pela segurança das crianças e dos moradores de áreas de conflito.
A primeira criança baleada em 2023 foi atingida ainda nos primeiros minutos do ano. O menino Juan Davi Souza Faria, de 11 anos, estava em uma cadeira na varanda de casa comemorando a virada do ano na Baixada Fluminense.
“Você estava vivo às 23h59; à 0h05, morto por uma bala perdida. Esse mundo é muito cruel”, lamentou o primo do menino, Saulo Santos.
Juan Davi de Souza Faria (à frente)
Reprodução
Outras três crianças foram baleadas durante uma briga no carnaval. Os disparos em uma praça de Magé, na Baixada Fluminense, feriram Bryan Rodrigues Horta, de 6 anos, Maria Eduarda Carvalho Martins, de 9 anos, e João Pedro Marques de Lima, de 11 anos. Maria Eduarda não resistiu aos ferimentos.
O instituto aponta as operações policiais e as balas perdidas como as principais causas da violência que atinge crianças.
“É urgente rever a política de Segurança Pública do Rio de Janeiro”, diz o Instituto Fogo Cruzado.
De acordo com o levantamento, 37,7% das vítimas foram atingidas durante operações policiais, enquanto 71,5% foram feridas por balas perdidas.
*Estagiária sob supervisão de Cláudia Loureiro

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