Prefeitura envia cerca de 100 mil folhas de contratos para comissão de vereadores que apura supostas irregularidades na Comurg


Companhia informou que enviou documentos de forma física porque era uma das opções oferecidas. Presidente da Comissão Especial de Inquérito alegou que foi uma forma de atrapalhar a apuração. Comurg envia 100 mil folhas de documentos para comissão que investiga fraudes
A Prefeitura de Goiânia enviou cerca de 100 mil folhas de contratos para a comissão de vereadores que investiga supostas irregularidades na Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg). O presidente da Comissão Especial de Inquérito (CEI), Ronilson Reis (PMB), alegou que o envio físico foi uma forma de atrapalhar a apuração.
“Nós estamos vivendo a era digital, onde você pode pegar um HD externo e botar todo esse material, mas eles preferiram gastar quase 100 mil folhas de papel. Isso aqui é tentar atrapalhar o trabalho dos vereadores, mas nós vamos debruçar, se precisar de buscar ou solicitar outros materiais, a gente vai fazer isso”, disse.
Em nota, a Comurg informou que o pedido da CEI detalhou que os documentos deveriam ser enviados de modo físico ou via e-mail. Por isso, a Comurg disse que entendeu a preferência do envio físico, porque a alternativa foi citada primeiro, porque assim a companhia teria certeza de que todo o conteúdo chegaria ao destino de forma completa. Além disso, a pasta completou que a capacidade de armazenamento do e-mail disponibilizado seria maior do necessário, uma vez que tem limitação de 25 MB.
A papelada é formada por contratos assinados pela Comurg nos últimos cinco anos e chegaram à câmara na última segunda-feira (10), distribuída em 30 caixas. Segundo a câmara, os documentos serão analisados pela equipe da procuradoria que integra a CEI, que inclui advogados e assessores parlamentares dos gabinetes dos vereadores.
Prefeitura envia cerca de 100 mil folhas de contratos para comissão de vereadores que apura supostas irregularidades na Comurg
Reprodução/TV Anhanguera
Investigação
Na última terça-feira (11), Valéria Petersen, ex-secretária de relações institucionais prestou depoimento por mais de três horas. Valéria comandou a pasta por 1 ano e 8 meses e autorizou pagamentos para a Comurg. A TV Anhanguera mostrou que o principal questionamento da comissão foi o porquê de a Comurg ter recebido R$ 12 milhões de reais antes de fazer os serviços contratados.
“Digamos que o senhor manda reformar um sofá, você tem que adiantar. Quando você paga, o que você pensa é que ele vai executar. Mas se ele não faz, é dele a responsabilidade, não é sua que pagou”, explicou Petersen.
Em um dos contratos mostrados pela reportagem da TV Anhanguera, o documento foi assinado em outubro de 2022 pela Comurg. No dia 10 de junho, a secretária liberou o pagamento no dia 10 de junho, totalizando R$ 8 milhões.
Já em outubro, outra nota assinada pela secretária mostra R$ 3,2 milhões gastos, inclusive com mão de obra. No entanto, em dezembro, até o fim do contrato, a companhia não terminou todas as praças que deveriam ser feitas.
No depoimento, a secretária disse que, se a companhia não recebesse antes, não conseguiria comprar os materiais para reformar 50 praças. A decisão, segundo Valéria, foi baseada em uma decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), que libera o pagamento antecipado neste tipo de situação.
“Com base nesse acórdão e com base que a administração pública detêm 97% da Comurg, a Companhia não é uma empresa que pode abandonar a obra e dar calote na prefeitura”, disse.

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