Acervo Collaço Paulo revela Rodrigo de Haro na mostra “Máscara Humana”

O Instituto Collaço Paulo prepara mais uma das suas surpreendentes exposições. Trata-se da mostra “Máscara Humana”, com obras do artista Rodrigo de Haro (1939-2021), e que abre no dia 16 de outubro na sede do Instituto, no Bairro Coqueiros, em Florianópolis. A visitação é gratuita e vai até abril de 2025.

“Máscara Humana” dá visibilidade a um expressivo núcleo da Coleção Collaço Paulo. São 80 são pinturas e desenhos e 25 objetos que pertenciam ao artista, um erudito, célebre, autor de uma produção extensa em artes visuais, além de inúmeros livros que o consagram como poeta.

Grande artista catarinense Rodrigo de Haro é tema da nova mostra do Instituto Collaço Paulo, em Floripanópolis – Foto: Fabricio Peixoto/Divulgação

A Mostra propõe uma incursão na produção de Rodrigo de Haro criada entre meados da década de 1960 e o começo dos 1980. A máscara humana conduz as ideias de Rodrigo de Haro e resulta como uma metáfora para o palco dos humanos, uma produção que, entende a curadora, aponta “um tecido social mítico e fantasioso”, com figuras andrógenas, femininas, ambíguas, desenhos e pinturas em que transparecem sexualidade, liberdade, instinto, espiritualidade.

O conjunto de obras, a maioria criada nos anos 1970, convida a pensar em uma década efervescente em uma Florianópolis em busca de modernização. Nesse período, quando o artista viveu uma intensa vida social na capital catarinense, a produção “aprofunda-se em cenas que desvelam as essências humanas, em ficções complexas, personagens que evidenciam suas personalidades, temperamentos, profundidades e sutilezas, orientados por uma densa carga simbólica”.

Tela de Rodrigo de Haro e que faz parte da mostra “Máscara Humana” do Instituto Collaço Paulo, de Florianópolis – Foto: Divulgação

Por fim, a curadora Francine Goudel situa o legado de Rodrigo de Haro enraizado no contexto local, mas em diálogo “com a universalidade da arte, explorando questões atemporais dos seres, entre temas que a contemporaneidade discute com ênfase e que para o artista, em sua época, já eram temas caros, como a metalinguagem da pintura e a subverção dos planos estéticos estabelecidos, a ambiguidade humana, gênero e sexualidade”.

A exposição “Máscara Humana” conta com o apoio do Serviço Social da Indústria (Sesi), apoio cultural da Ibagy, Cassol, Softplan, Hurbana, Corporate Park e Paradigma Cine Arte e patrocínio da Prefeitura de Florianópolis por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura. Com esse engajamento empresarial, o Instituto Collaço Paulo garante o acesso das ações educativas e inclusivas, oferta o transporte para grupos de estudantes da rede pública municipal para acompanhar visitas mediadas e práticas imersivas.

Desenho de Rodrigo de Haro e que faz parte da mostra “Máscara Humana” do Instituto Collaço Paulo, de Florianópolis – Foto: Divulgação

Quem foi Rodrigo de Haro

Rodrigo Antonio de Haro (1939- 2021) nasce em Paris, na França, e chega ao Brasil, com os pais Martinho (1907-1985) e Maria Palma de Haro (1914-2000), com um ano de idade. Inicialmente o casal instala-se no Planalto Serrano de Santa Catarina, onde a família desfruta a estância até 1942, quando vem morar em Florianópolis (SC). No intenso movimento da casa paterna, Rodrigo contagia-se pelos movimentos no ateliê do pai, molda um perfil intelectualizado e universalista.

Cedo escreve o primeiro poema, lê os clássicos, refina a inteligência, sensibilidade e memória excepcional, tornando-se ao longo dos anos em um dos mais eruditos catarinenses. A casa dos pais entre os anos 1950 e 60 é uma referência de intelectuais e artistas. Nela, joga-se xadrez, exibem-se filmes cults, discute-se arte, poesia, cinema, política, a vida da cidade. Nesta década, Rodrigo participa da revista Sul editada entre 1947 e 48 pelo Grupo Sul, movimento artístico que introduz o modernismo em Santa Catarina. Escritores e artistas jovens aparecem juntos no campo das ideias.

Nos anos 1970, Rodrigo mora entre o Rio de Janeiro e São Paulo, onde convive com artistas, poetas e músicos renomados da cena cultural brasileira. Traduzido por Walmir Ayala (1933-1991), participa da primeira edição de poesia moderna brasileira no México. Em recitais e mostras em diferentes Estados, em importantes galerias e instituições museológicas, ele acentua as articulações com o circuito artístico do eixo Rio-SP. Pietro Maria Bardi (1900-1999), Walmyr Ayala e Mario Schemberg (1914-1990) legitimam em catálogo uma individual em São Paulo. É destaque na mostra de arte fantástica no Paço das Artes (SP) e, em 1979, está no Panorama de Arte Atual Brasileira, no Museu de Arte Moderna (MAM/SP).

Nos anos 1990, o artista segue inserido no circuito artístico nacional com exposições individuais e coletivas como a 2ª Bienal do Mercosul, em Porto Alegre (RS). Em 2011, o reconhecimento no Salão Victor Meirelles com Sala Especial no Museu de Arte de Santa Catarina (Masc). Na história cultural de Santa Catarina, o legado situa-se em pinturas, desenhos, murais cerâmicos, poesia – artes visuais e literatura. Nunca se distanciou de uma prática ou outra, com uma fortuna crítica em ressonância nacional. Além de um conjunto de livros manuscritos e ilustrados, o desenhista, pintor, poeta, contista e editor manteve-se lúcido e atuante até a morte, em 2021, dono de um saber sem comparativo no Estado. Tema de exposições, estudos, artigos e publicações, torna-se obrigatória uma ampla pesquisa sobre a sua vida e trajetória – festejado e reconhecido no amplo espectro das sociabilidades catarinenses.

Pintura de Rodrigo de Haro e que faz parte da mostra “Máscara Humana” do Instituto Collaço Paulo, de Florianópolis – Foto: Divulgação

Programe-se: mostra “Máscara Humana”, de Rodrigo de Haro

Quando: de 16 de outubro de 2024 (abertura) a 26 de abril de 2025
Onde: Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação, rua Des. Pedro Silva, 2.568, bairro Coqueiros, Florianópolis
Visitação: de segunda a sexta-feira, das 13h30 às 18h30
Entrada: gratuita

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