Embarcação que afundou na Garganta do Diabo há uma semana ainda não foi encontrada


Corpos de Aline Tamara Moreira de Amorim, de 37 anos, e Beatriz Tavares da Silva Faria, de 27 anos, foram encontrados após naufrágio em São Vicente (SP). Além delas, outras três mulheres e dois homens estavam na embarcação e sobreviveram. Embarcação com sete pessoas naufragou na Garganta do Diabo, em São Vicente (SP)
A embarcação que afundou há uma semana com sete pessoas na região conhecida como Garganta do Diabo, em São Vicente, no litoral paulista, ainda não foi encontrada. A informação foi confirmada ao g1 pela Capitania dos Portos de São Paulo (CPSP). Os corpos de duas mulheres, de 27 e 37 anos, foram achados. Outras cinco pessoas sobreviveram ao naufrágio, que repercutiu em todo o país.
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O caso aconteceu na noite do dia 29 de setembro. As vítimas estavam em uma festa dentro de uma lancha, mas sofreram o acidente durante o transporte de volta à terra firme em um barco menor. Esta segunda embarcação foi atingida por uma onda e os sete ocupantes caíram no mar.
De acordo com a capitania, o dono da embarcação naufragada é o responsável pela recuperação do equipamento, que ainda não foi encontrado. A CPSP destacou que ainda não há informações sobre a localização exata do barco.
O Grupamento de Bombeiros Marítimo (GBMar) encontrou os corpos das duas vítimas. No entanto, conforme apurado pelo g1, a corporação trabalha apenas para preservação da vida ou recuperação de cadáveres. Por isso, não realiza buscas de embarcações.
Autoridades realizaram buscas por corpos após barco naufragar em São Vicente (SP)
Divulgação/GBMar e Arquivo Pessoal/Roni Pantera
Investigações
A Capitania informou ter instaurado um Inquérito Administrativo de Acidentes e Fatos da Navegação (IAFN) para investigar o acidente no mesmo dia em que ele ocorreu. Segundo o órgão, o documento tem um prazo de 90 dias para ser concluído, podendo ser prorrogado por mais 30 dias.
Durante este período, de acordo com a Capitania, as testemunhas serão ouvidas e os profissionais realizarão todas as perícias — não especificadas — que possam fornecer elementos para auxiliar na apuração das causas e responsabilidades do acidente.
A CPSP destacou a importância da participação da população no encaminhamento de denúncias e informações que possam contribuir para o esclarecimento dos fatos pelos seguintes telefones: 185 ou (13) 3221-3455.
Quem são as vítimas
Aline Tamara Moreira de Amorim
Ela tinha 37 anos e morava em São Paulo. Conforme apurado pelo g1, ela tinha ido para uma festa na lancha com duas amigas e, inclusive, publicou nas redes sociais imagens dentro embarcação (veja abaixo).
O irmão dela, Anderson Carlos Moreira de Amorim, disse que a vítima não sabia nadar. Aline tinha um filho de 17 anos, que esteve em São Vicente acompanhando as buscas junto com os tios.
O corpo de Aline foi encontrado na região conhecida como Itaquitanduva, entre as praias do Parque Xixová, em São Vicente. As embarcações das autoridades foram até a área, que é de difícil acesso, e transportaram o corpo até a praia do Gonzaguinha. Os familiares fizeram o reconhecimento.
Aline Tamara Moreira de Amorim, de 37 anos, fez selfie em lancha antes de naufrágio em São Vicente (SP)
Redes sociais
Beatriz Tavares da Silva Faria
Ela tinha 27 anos, era filha única e morava com os pais e a avó em Santos. Conforme apurado pela equipe de reportagem, ela também estava na festa, mas não acompanhava Aline e as amigas dela. As duas vítimas, inclusive, se conheceram na embarcação.
Ao g1, a mãe dela, Cláudia Aparecida Tavares da Silva Farias, de 55 anos, contou que a filha foi modelo na infância e juventude, mas atualmente trabalhava com CrossFit. Ainda segundo ela, Beatriz era apaixonada por esportes e cursou Educação Física.
O corpo de Beatriz foi encontrado em uma área próxima ao Emissário Submarino de Santos. O reconhecimento foi feito pelo tio da jovem.
Beatriz Tavares da Silva Faria, de 27 anos, trabalhava com CrossFit
Arquivo Pessoal
Sobreviventes
Vanessa Audrey da Silva, de 35 anos, trabalha como autônoma e veio da capital para o litoral paulista no último fim de semana. Ela é uma das amigas que acompanhavam Aline na festa na lancha.
Ao g1, Vanessa disse que não conhecia todos os convidados da festa. Apesar disso, ela afirmou que o grupo consumiu bebidas alcoólicas, andou em motos aquáticas e passou o dia em Guarujá.
Por volta das 18h, ainda segundo Vanessa, a turma se dividiu em dois barcos menores para se encontrar em São Vicente e voltar a Santos por terra.
As três amigas e Beatriz ficaram juntas em uma das embarcações, que foi atingida por uma grande onda durante o trajeto. Vanessa contou que se agarrou em um colete salva-vidas com uma jovem que não conhecia. Em seguida, conseguiu se segurar nas pedras, na parte inferior da Ilha Porchat, e gritar por socorro.
“Chegou um momento na água que ninguém conseguia ver ninguém. Estava lutando pela vida”, disse Vanessa. Um homem no topo da ilha enxergou a mulher e acionou o resgate. Os bombeiros chegaram ao local e salvaram a vítima, levando-a para terra firme.
Vanessa Audrey da Silva, de 35 anos, estava a bordo da embarcação que afundou em São Vicente (SP)
Redes Sociais
Camila Alves de Carvalho, de 20 anos, é estudante e viajou de São Paulo para a Baixada Santista com Vanessa e Aline. Elas também estava na festa e seguiu junto com as mulheres para a embarcação menor, que afundou.
Assim como Vanessa, a estudante contou ao g1 que conseguiu segurar em um dos coletes com o piloto do barco e, em seguida, segurou em pedras perto da Ilha Porchat. “A gente nasceu de novo […]. Estavam muito fortes [as ondas], a gente quase morreu. A gente não sabia nadar”, afirmou ela.
Camila afirmou que a sensação era de desespero. “A gente via que não ia aguentar por muito tempo, bater o pé e engolir muita água. A nossa solução foi se jogar nas pedras”. Ela explicou que subiu nas rochas e encontrou uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
A estudante contou ter batido o corpo com muita força nas pedras, o que provocou um corte na cabeça e ferimentos nos joelhos e pernas. Ela precisou levar pontos na cabeça.
Aline (de azul) e Camila na lancha em Guarujá (SP)
Redes sociais
Gabriela Santos Lima estava na embarcação que afundou. A equipe de reportagem entrou em contato, mas ela preferiu não comentar sobre o caso.
Daniel Gonçalves Ferreira, de 22 anos, e Natan Cardoso Soares da Silva também são sobreviventes do naufrágio. O g1 não conseguiu localizá-los.
O caso
O barco com sete pessoas a bordo naufragou na noite do último domingo (29). O Corpo de Bombeiros foi acionado por moradores e enviou três viaturas para ajudar nas buscas. Além da corporação, a Marinha do Brasil enviou uma embarcação para auxiliar na ocorrência.
Durante o naufrágio, Beatriz e Aline desapareceram. O corpo de Beatriz foi encontrado na quarta-feira (2) em área próxima ao Emissário Submarino de Santos (SP), enquanto o de Aline foi achado na sexta-feira (4) no Itaquitanduva, entre as praias do Parque Xixová, em São Vicente.
Cinco pessoas foram resgatadas. Uma delas negou atendimento médico, enquanto quatro foram levadas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) até o Pronto-Socorro Central de São Vicente para avaliação médica.
Em nota, a Marinha do Brasil afirmou que um inquérito administrativo foi instaurado para investigar as possíveis causas e responsabilidades pelo acidente. “Cabe ressaltar que não houve registro de poluição hídrica resultante do afundamento da embarcação”, complementou.
Garganta do Diabo
Baía de São Vicente e Ilha Porchat
Carta náutica da Marinha
A ‘Garganta do Diabo’, região onde ocorreu o acidente, fica entre a Ilha Porchat e o Parque Estadual Xixová-Japuí, em São Vicente. Ela atrai surfistas por conta das ondulações, mas esconde vários perigos devido às fortes correntezas que atingem o local.
De acordo com historiadores, existe uma crença popular de que o local serviu de passagem para as caravelas de Martim Afonso na fundação da Vila de São Vicente.
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