O que são microRNAs e a descoberta vencedora do Nobel de Medicina 2024

Os microRNAs (miRNAs) são pequenas moléculas de RNA, com cerca de 20 a 25 nucleotídeos, que regulam a expressão gênica. Eles atuam ligando-se ao RNA mensageiro (mRNA) e podem inibir a tradução de proteínas ou promover a degradação do mRNA. Eles são produzidos a partir de genes específicos.

MicroRNAs são formados por genes específicos – Foto: Reprodução/ND


Inicialmente, eles aparecem como longas moléculas de RNA, que são processadas pelas enzimas Drosha e Dicer, resultando em miRNAs maduros. Depois de sua produção, os microRNAs se associam a complexos proteicos, formando o complexo RISC (RNA-induced silencing complex).

A descoberta dos microRNAs: Nobel de Medicina 2024

Os microRNAs foram descobertos por Victor Ambros e Gary Ruvkun. Suas pesquisas, realizadas em organismos como Caenorhabditis elegans, mostraram como essas pequenas moléculas de RNA regulam a expressão gênica, influenciando processos fundamentais como desenvolvimento, diferenciação celular e resposta a estresse.

Pesquisa foi ganhadora do prêmio Nobel de medicina 2024 – Foto: Reprodução/ND

A descoberta dos microRNAs, que revolucionou a compreensão da regulação gênica, foi reconhecida com o Prêmio Nobel de Medicina de 2024.

A descoberta dos microRNAs não apenas expandiu o entendimento da biologia celular, mas também abriu novas fronteiras na pesquisa médica, com implicações significativas em doenças como câncer e doenças genéticas.

Função dos microRNAs no corpo

Os microRNAs desempenham várias funções essenciais no corpo humano, incluindo:

 Regulação da expressão gênica: Os miRNAs inibem a tradução de mRNAs ou promovem sua degradação, controlando a produção de proteínas;
Desenvolvimento e diferenciação celular: Eles são cruciais durante o desenvolvimento embrionário, influenciando a formação de tecidos e órgãos;
Resposta ao estresse: Os miRNAs ajudam as células a responder a condições adversas, como estresse oxidativo ou inflamação;
Ciclo celular: Eles regulam processos relacionados ao ciclo celular, incluindo a proliferação e a apoptose (morte celular programada);
Regulação metabólica: Os miRNAs participam da regulação do metabolismo, influenciando processos como a glicose e o metabolismo lipídico;
Sistema imunológico: Eles têm um papel na modulação da resposta imune, afetando a ativação e a diferenciação de células imunes.

Tratamento de doenças

Os microRNAs estão emergindo como promissores alvos terapêuticos no tratamento de diversas doenças, devido ao papel fundamental na regulação gênica.

Ajudam no tratamento de doenças – Foto: Reprodução/ND

No câncer, por exemplo, podem atuar como oncogenes ou genes supressores de tumor, e alterações na sua expressão estão associadas a diferentes tipos de câncer. Terapias que visam restaurar a função de miRNAs supressores ou inibir miRNAs oncogênicos estão sendo desenvolvidas com sucesso.

Além disso, eles têm um papel importante nas doenças cardiovasculares, onde regulam processos como angiogênese e hipertrofia cardíaca. A modulação da expressão de miRNAs específicos tem mostrado potencial para melhorar a função cardíaca e reduzir o risco de eventos cardiovasculares.

Em doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson, pesquisas indicam que os microRNAs estão envolvidos na patogênese dessas condições, e sua manipulação pode oferecer estratégias para proteger células neuronais e retardar a progressão da doença.

Além disso, na área de infecções virais, os miRNAs podem influenciar a resposta do hospedeiro, e a pesquisa está explorando o uso deles para modular a resposta imune e controlar infecções.

MicroRNAs ajudam no combate de infecções virais – Foto: Reprodução/ND

Perspectivas futuras

As perspectivas futuras da pesquisa sobre microRNAs  são promissoras e podem evoluir.

Primeiramente, é esperado um aprofundamento na compreensão dos mecanismos de ação dos miRNAs, incluindo suas interações com outras moléculas de RNA e proteínas. Isso permitirá um mapeamento mais preciso das redes regulatórias em diferentes contextos celulares e patológicos.

Além disso, a identificação de novos microRNAs e a caracterização de seus papéis em diversas doenças poderão levar ao desenvolvimento de biomarcadores mais eficazes para diagnóstico e prognóstico.

A medicina personalizada também se beneficiará disso, possibilitando tratamentos mais direcionados e adaptados ao perfil molecular dos pacientes.

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