Flagrante mostra tratorista derrubando árvores em área de garimpo mesmo durante sobrevoo de 3 helicópteros do ICMBio

Homem foi rendido e se justificou: ‘Não tem serviço para a gente, quase tudo aqui é clandestino’. Flagrante foi feito em fazenda com 1 milhão de cabeças de gado, mas apenas os funcionários foram localizados. ‘Não tem serviço para a gente, quase tudo aqui é clandestino’, diz flagrado desmatando
O Profissão Repórter que foi ao ar nesta terça-feira (11) flagrou um tratorista que seguiu derrubando árvores numa área de garimpo mesmo durante o sobrevoo de três helicópteros que fiscalizavam a área. A fiscalização, feita pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), ocorreu na Floresta Nacional de Itaituba II, no Pará.
De 2018 a 2021, o desmatamento nas áreas federais de conservação triplicou e chegou ao equivalente ao tamanho de 60 mil campos de futebol. A Amazônia foi um dos biomas que mais sofreu com esse avanço. Durante a reportagem que fez acompanhando agentes do ICMBio em operações pela região, o Profissão Repórter registrou alguns flagrantes.
O homem que foi flagrado derrubando árvores durante a fiscalização com helicópteros garantiu, ao ser abordado em terra, que não ouviu a aproximação das aeronaves. Ele conversou com os agentes e com Caco Barcellos e contou que estava ganhando R$ 40 por hora para fazer o serviço. O tratorista disse, ainda, que havia sido contratado havia pouco mais de um mês.
“Não vi os helicópteros chegando, não escutei nada. Só vi na hora que apontaram a arma para mim. Fiquei até com medo. Estava trabalhando, né?”, disse o tratorista Adenilton Oliveira, que ao ser questionado sobre a legalidade do trabalho, explicou: “Não tem serviço para a gente. A gente trabalha nesse trem aí meio sem saber. E a gente precisa trabalhar, né? Eu nem sei nem falar para o senhor como é esse negócio aí. Para mim aqui era lote. Quase tudo aqui é clandestino”.
Depois de ser ouvido, Adenilton foi liberado e foi embora. O equipamento que ele estava usando para derrubar as árvores foi destruído pelos agentes.
“A gente avaliou que não conseguiria retirar o maquinário daqui onde a gente está. Então, para cessar o dano e não ter o risco da gente sair da área e o pessoal continuar com o desmatamento, a gente optou por inutilizar o equipamento deles”, explicou Érico Kauano.
A multa por hectare desmatado é R$ 10 mil. O local em que foi feito o flagrante é uma fazenda que já foi embargada em outra operação do ICMBio. A dois quilômetros, a fiscalização encontrou outro funcionário, Renato, que se apresentou como gerente e disse ganhar R$ 2,5 mil por mês do dono, chamado Edgar, que não aparece há quatro meses. Ainda segundo ele, a propriedade tem mil cabeças de gado Nelore – que valem mais de R$ 3 milhões.
“É muito difícil encontrar o dono, que é o autor do dano. A gente encontra pessoas que estão em estado de vulnerabilidade social plena: criança que não vai na escola, que a casa não tem água tratada, não tem poço – eles bebem água do igarapé. Você tem que achar um fio do novelo para conseguir chegar ao verdadeiro responsável do dano”, lamenta o agente do ICMBio Maurício Santamaria.
Assista ao programa completo:
Profissão Repórter, 11 de abril

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