Corpo de advogada está desaparecido há mais de 15 dias; ‘eu queria presença dela aqui’, diz pai

Karize Fagundes, de 33 anos, está desaparecida desde o domingo (29) em Caçador, Meio-Oeste de Santa Catarina. O principal suspeito é o marido, que foi preso em Guaíra, no Paraná. O pai da vítima, Rudnei Lemos, destaca que a família está muito nervosa em busca de notícias.

Em entrevista ao Portal ND Mais, o pai de Karize explica que teve contato com a filha há uns 30 dias, quando ela passava por uma cirurgia. “Então eu disse que iria fazer uma visita para ela, mas não deu tempo de ver minha filha querida viva”, aponta.

Após mais de 15 dias do desaparecimento, Lemos tem esperanças de reencontrar Karize. “Rezo e peço a Deus para ela estar viva, mas com o tempo, a gente vai perdendo as esperanças”, descreve.

Lemos é divorciado da mãe de Karize e mora em outro município, mas manteve o contato com a filha por meio de visitas e também pela internet. “Não fui tantas vezes para Caçador, pois não tínhamos condições financeiras, mas sabíamos que ela estava trabalhando, se formou e abriu o próprio escritório”, explica o pai.

O pai descreve a filha como uma menina estudiosa, querida e dedicada. “Mas é isso, eu queria a presença dela aqui, mas até agora nada”, pontua o pai de Karize.

Roupas encontradas

Na semana passada a polícia localizou roupas de Karize, como pijamas e camisetas, a cerca de 80 quilômetros de Palmas, no Paraná. O município fica a 144 quilômetros de Caçador. Nas roupas não foram encontradas marcas de sangue.

O delegado de Polícia Civil responsável pelo caso, Marcelo Colaço, disse em entrevista ao Balanço Geral que a investigação é complexa, principalmente devido à falta de testemunhas e o fato de o suspeito ter permanecido em silêncio sobre o desaparecimento e morte da advogada.

Colaço explica que a Polícia Civil tem a informação que o suspeito teria desovado o corpo a 200 quilômetros de Caçador. “Então, comunicamos agências policiais do Paraná para que buscas sejam feitas também na cidade de Palmas”.

Relembre o crime

O caso veio a público quando amigos do suspeito procuraram a Polícia Militar e relataram que o suspeito havia confessado, por meio de uma ligação, que teria matado a esposa e outro homem.

Os corpos teriam sido desovados, um a 200 quilômetros de Caçador, e o outro a 100 quilômetros a frente de onde o primeiro corpo foi deixado. O suspeito fugiu em um Nissan March branco e tinha como objetivo chegar ao Paraguai.

O veículo do suspeito foi abordado no município de Guaíra, no Paraná, distante cerca de 673,2 km de Caçador. Os celulares da advogada também estavam no carro e foram encaminhados para perícia da Polícia Cientifica.

Existe uma segunda vítima?

Sobre a existência de uma segunda vítima, o delegado, a princípio, descarta a possibilidade. Segundo ele, a linha de investigação no momento é a de feminicídio e desaparecimento, uma vez que ainda não há um corpo encontrado.

“Não podemos descartar nada, mas acredito que seja muito improvável outra pessoa morta e que, principalmente, teria sido levada pelo suspeito. O carro que ele usava era pequeno e estava cheio de objetos, ou seja, não caberia uma terceira pessoa ou corpo ali”, analisou.

Livros de homicídio no carro do suspeito

No carro do suspeito de assassinar a esposa foram encontrados livros sobre assassinatos.

Entre os títulos encontrados no porta-malas do veículo estão a coleção ‘Mulheres Assassinas’ com livros como:  Elize Matsunaga: A mulher que esquartejou o marido, Flordelis: a pastora do Diabo e Suzane assassina e manipuladora.

Ainda, é possível perceber o livro ‘Ted Bundy: Um Estranho ao Meu Lado’. A obra relata a história de um assassino em série que confessou ter matado, ao menos, 36 mulheres nos Estados Unidos durante os anos 1970.

Quem é a advogada?

Conforme um perfil profissional, a mulher era advogada e tecnóloga em gestão de recursos humanos. Na descrição, Karize se identificava como viciada em séries e apaixonada por gatinhos, além de ter como missão de vida solucionar conflitos e ajudar as pessoas.

A OAB Santa Catarina se manifestou sobre o ocorrido e, por meio de nota, destaca que acompanhará todos os desdobramentos do caso e lutará por justiça em nome de Karize e de todas as mulheres que foram vítimas de feminicídio.

Uma vida pautada em lutas

Na internet, amigos e familiares buscam por respostas sobre o desaparecimento de Karize. Uma amiga da vítima publicou uma carta e descreve que a vítima não tolerava injustiças e sempre lutou para defender outras mulheres a se livrarem de maridos que não as mereciam.

“Nunca vou ver você se casando, nem sendo mãe, comprando sua casa, tendo o escritório lindo que você sempre sonhou? […] A sua vida inteira foi pautada em luta, Karize! E você sempre foi uma guerreira, nunca dependeu de ninguém pra ter suas coisas”, descreve. 

Linha do tempo do crime

 28/29 de setembro – Amigos do suspeito buscam a polícia após homem confessar que teria matado a esposa e outro homem; (clique aqui)
30 de setembro – O suspeito, de 24 anos, é preso em Guaíra, no Paraná, distante cerca de 673,2 km de Caçador;
No mesmo dia, polícia encontra diversos itens no carro do homem, inclusive livros sobre crimes conhecidos nacionalmente; (clique aqui)
Ainda na segunda-feira (30), a vítima foi identificada como Karize Fagundes, de 33 anos; (clique aqui)
1º de outubro – Justiça decreta prisão do suspeito de matar advogada em SC (clique aqui)
No mesmo dia, Polícia Civil desconfia que possa não existir um segundo corpo no crime; (Clique aqui)
9 de outubro – roupas de advogada morta pelo marido em SC são achadas no PR, mas corpo segue desaparecido; (clique aqui)