O que é e como conseguir a remissão do diabetes tipo 2?

O diabetes é um problema que atinge 10,5% da população brasileira, segundo estimativa da Federação Internacional de Diabetes. Isso significa que aproximadamente 20 milhões de brasileiros convivem com o problema. A maioria, cerca de 90%, é do tipo 2. Neste sentido, mudanças no estilo de vida e, dependendo dos casos, uso de medicamentos ajudam a tratar o caso e a alcançar a remissão do diabetes tipo 2.

O diabetes tipo 2 ocorre quando o organismo não consegue usar de forma correta a insulina que produz ou quando não produz a quantidade de insulina, que é um hormônio, suficiente para controlar a glicemia.

A obesidade, a falta de atividade física e alimentação não saudável são fatores que podem levar ao desenvolvimento do quadro de diabetes tipo 2. A depender do caso, além de mudanças em relação ao estilo de vida, é necessário também o uso de remédios para controlar a glicemia.

Remissão do diabetes tipo 2: o que é o conceito e como alcançá-lo | Foto: Istock/ND

Já o diabetes tipo 1 envolve uma predisposição genética. Nestes casos, existe uma deficiência na produção de insulina – o sistema imunológico ataca as células do pâncreas responsáveis pela produção do hormônio. Desta maneira, com pouca insulina, há o acúmulo de glicose no sangue. O tratamento para diabetes tipo 1 envolve o uso de insulina, além de planejamento alimentar e atividades físicas.

O que é e como conseguir a remissão do diabetes tipo 2

O que é a remissão do diabetes tipo 2?

Segundo a Associação Americana de Diabetes, a remissão do diabetes tipo 2 acontece quando o exame de hemoglobina glicada é abaixo de 6,5% sem uso de remédios antidiabéticos por um período mínimo de três meses. Isso significa um bom controle da doença, mas diabetes tipo 2 tem cura? A resposta é não.

O diabetes não tem cura. Assim, o tratamento é para controlar o nível de açúcar do sangue. A taxa pode retornar aos padrões considerados normais. Entretanto, a pessoa sempre vai precisar manter os cuidados e monitorar regularmente a glicemia.

Assim, a remissão do diabetes tipo 2 significa, de fato, o bom controle da doença. Caso a pessoa volte a ganhar peso, por exemplo, a doença, provavelmente, vai voltar a se manifestar e dar sinais nos exames de sangue.

Outro ponto, segundo informações da Sociedade Brasileira de Diabetes, é que o corpo sente, no longo prazo, os efeitos do açúcar elevado no sangue, mesmo que seja por um período curto de tempo. Desta forma, essa descompensação vai ser sentida no futuro, algo conhecido como memória metabólica do organismo, mesmo se a pessoa normalizou as taxas de glicemia.

Quais são os critérios para alcançar a remissão do diabetes tipo 2?

O principal critério para definir a remissão do diabetes tipo 2 é a hemoglobina glicada, indicador de alta taxa de açúcar no sangue. A remissão da doença significa o controle do diabetes tipo 2. Ou seja, alcançar novamente o nível de açúcar no sangue considerado seguro e mantê-lo assim.

Atenção constante: é necessário controlar o nível de açúcar do sangue | Foto: Istock/ND

Neste sentido, é necessário testar a hemoglobina glicada em duas ocasiões, com intervalo de tempo de seis meses, e verificar se a taxa continua ideal quando não se está mais usando medicação.

Alcançar a remissão do diabetes tipo 2 é uma forma de controlar a doença e diminuir os riscos e danos que ela pode causar. Entretanto, é fundamental monitorar com frequência o nível da taxa de açúcar no sangue.

Como é possível alcançar a remissão do diabetes tipo 2?

Tradicionalmente, o tratamento para remissão do diabetes envolve fundamentalmente mudança no estilo de vida e em como baixar glicemia naturalmente. Isso porque a obesidade, a falta de atividade física e alimentação não saudável são fatores de risco.

O exercício físico ajuda pessoas com diabetes a controlar a glicemia, reduz os fatores de risco cardiovascular e contribui para a perda de peso. Na atividade física ocorre o aumento da captação de glicose pelo músculo.

Exercícios aeróbicos, como caminhada, corrida, pedalada e natação, resultam em vantagens para controlar a glicemia, tendo uma frequência de cinco a sete vezes por semana. Já os exercícios anaeróbicos, como a musculação, ajudam por levar ao ganho de massa muscular, que contribui para a degradação da glicose e melhora a sensibilidade à insulina.

Exercícios ajudam a controlar a glicemia | Foto: Istock/ND

A terapia nutricional também é fundamental para alcançar a remissão do diabetes tipo 2. Cuidar da alimentação é essencial para obter o controle glicêmico e mantê-lo no nível desejado, com a correta prescrição alimentar.

A depender do quadro de diabetes, além da prática de atividades físicas e alimentação adequada, o uso de medicamentos também é necessário em tratamentos para diabetes tipo 2 para controlar o nível de açúcar do sangue. Em alguns casos, o médico, por exemplo, pode prescrever a aplicação de insulina e diabetes tipo 2.

Dieta e sua importância no controle e remissão do diabetes

Alimentação equilibrada é fundamental para a saúde de forma geral. Nos casos de pessoas com diabetes, a preocupação é ainda maior para manter a glicemia. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, legumes, folhas, frutas e cereais integrais que agregam grande quantidade de fibras devem fazer parte da alimentação diária dos diabéticos. Esses alimentos estão relacionados ao melhor controle da doença e a remissão do diabetes com dieta.

De forma geral, a alimentação saudável deve ser baseada em alimentos in natura (frutas, verduras, legumes e carnes) e produtos minimamente processados (arroz, feijão), limitar o consumo de alimentos processados (geleia, atum enlatado, queijo) e evitar alimentos ultraprocessados (sorvetes, barra de cereal, macarrão instantâneo).

O nutricionista, assim, é um profissional fundamental no tratamento multidisciplinar do diabetes. Ele vai elaborar o planejamento alimentar adequado, buscando a “combinação” perda de peso e controle do diabetes.

Dieta equilibrada é fundamental para diabéticos | Foto: Istock/ND

Como o diabetes tipo 2 pode ser fruto do aumento de peso, emagrecer, com dieta para diabéticos e a prática de exercícios físicos, é um fator que vai ajudar a controlar a doença e evitar problemas mais graves.

O papel da cirurgia bariátrica na remissão do diabetes tipo 2

A cirurgia bariátrica é uma intervenção no tratamento da obesidade. O objetivo é promover uma perda de peso significativa. Estudos têm mostrado que essa opção tem impacto positivo na remissão de doenças metabólicas, especialmente reversão do diabetes tipo 2.

O artigo “O papel da cirurgia bariátrica na redução da obesidade e na remissão de doenças metabólicas”, da revista científica Brazilian Journal Of Implantology And Health Sciences, aponta que estudos clínicos demonstraram que a perda de peso induzida pela cirurgia bariátrica tem sido associada a melhorias na sensibilidade à insulina e na função das células que produzem a insulina, o que contribui para a normalização dos níveis de glicose no sangue.

Assim, a ciência aponta evidências de que a cirurgia bariátrica contribui para alcançar a remissão do diabetes de tipo 2, além de outros benefícios, como redução da pressão arterial e melhora da qualidade do sono.

A remissão do diabetes tipo 2 é permanente?

Como o diabetes não tem cura, é necessário monitorar e controlar o nível glicêmico mesmo após a remissão do diabetes tipo 2. Isso significa cuidar da saúde e manter um estilo de vida saudável para diabetes, com alimentação adequada e a prática de exercícios físicos, para evitar um possível descontrole das taxas.

Se a pessoa se descuidar depois de controlar o nível glicêmico, corre o risco de novamente ver a taxa subir. Por exemplo, o aumento de peso pode resultar no descontrole do nível de açúcar do sangue.

Desta forma, é fundamental manter os cuidados com a saúde, além de fazer exames com rotina e consultar o médico que acompanha o tratamento.

Quais são os benefícios de alcançar a remissão do diabetes tipo 2?

Como se trata do controle do nível de açúcar do sangue, alcançar a remissão do diabetes tipo 2 é uma forma de ter qualidade de vida e evitar complicações causadas pela doença.

Diabetes não controlada pode levar a complicações graves | Foto: Divulgação

O diabetes é a causa mais comum da neuropatia periférica, complicação crônica e incapacitante oriunda da doença. É o que leva a amputações não-traumáticas (aquelas que não são causadas por acidentes e fatores externos).

Controlar a doença é fundamental para evitar complicações no cérebro (pode provocar acidente vascular cerebral), olhos (pode provocar cegueira), coração (ataques cardíacos) e problemas renais.

Recomendações médicas e acompanhamento para pacientes em remissão

As pessoas diabéticas precisam de acompanhamento médico contínuo para monitorar e controlar os níveis de açúcar do sangue, além de manter um estilo de vida saudável, com ajuda multidisciplinar.

Profissionais da área de Educação Física, para orientar a prática adequada e sistemática de exercícios para controle do diabetes, e de Nutrição, para estabelecer o planejamento alimentar, completam a equipe multidisciplinar que vai ajudar a manter o diabetes controlado e a ter qualidade de vida.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.