‘Se continuarmos produzindo como hoje, não alimenta população em 2050’, diz cientista da UFSC

Os modelos de produção de alimentos tradicionais não serão suficientes para alimentar a população em 2050, alertou uma cientista da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). Um congresso nacional que debate o futuro da alimentação começou nesta segunda-feira (14) em Florianópolis.

Carne cultivada é uma alternativa da produção de alimentos – Foto: Divulgação

O CBCTA (Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia de Alimentos) discutirá, por quatro dias, “O futuro dos alimentos: inovação, saúde e sustentabilidade na cadeia produtiva de alimentos”.

Conforme a professora Silvani Verruck, presidente do comitê organizador, as mudanças climáticas impõem um desafio para a produção de alimentos que, caso continue com os modelos de produção tradicionais, não conseguirá alimentar toda a população até 2050.

“A gente tem uma propensão de chegar a uma estimativa de10 bilhões de pessoas em 2050 e a gente não tem alimentos para todo mundo. Se a gente continuar produzindo da forma que a gente está produzindo hoje, a gente não alimenta a população inteira, então a grande preocupação está na questão de conseguir produzir alimentos de uma forma sustentável também que não acabe com o planeta para todas essas pessoas”, explica.

Carne cultivada é alternativa para alimentar população

A professora, que é doutora em produção de alimentos, explica porque a carne cultivada é uma alternativa para alimentar a população.

“Uma tendência grande de produzir proteínas animais por outras fontes, sejam por fermentação, seja cultivadas, que ocupam uma área muito menor e são alternativas ao sistema convencional e vão utilizar muito menos a área, vão afetar muito menos o meio ambiente”, pontua Verruck.

“O desperdício também acaba sendo um grande vilão, porque a gente tem uma perda ainda muito grande, principalmente em alimentos vegetais, que são mais perecíveis”, completa a cientista.

Possível contaminação de microplásticos e entorpecentes também será debatido no congresso de produção de alimentos

Segundo a professora, o congresso vai debater a necessidade de que órgãos regulatórios, como a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), por exemplo, sejam pressionadas para que criem parâmetros para contaminação cruzada de alimentos com substâncias como microplásticos e até mesmo entorpecentes.

Segundo ela, os regulamentos existentes não dão conta das novas ameaças de contaminação dos alimentos.

“As contaminações estão muito mais frequentes e muito mais altas nos alimentos agora, então é algo que a gente precisa se debruçar e olhar com mais calma e pressionar também os órgãos regulatórios para que a gente tenha novos limites com relação a isso”, ressalta.

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