Mãe e filho são condenados pelo assassinato de pai em Criciúma

Mãe e filho foram condenados por homicídio triplamente qualificado, em júri popular, após assassinarem Edson da Rosa, ex-marido e pai dos réus. O crime aconteceu em novembro de 2022, na cidade de Criciúma, no Sul de Santa Catarina. A sessão, que teve mais de 16h, teve início na manhã de quinta-feira e foi finalizada na madrugada desta sexta-feira (12).

Tribunal do Júri condenou mãe e filho pelo assassinato de Edson da Rosa, ex-marido e pai dos réus – Foto: Internet/Reprodução/ND

Assassinato por motivos financeiros

A mulher recebeu pena de 18 anos de reclusão, e o filho, menor de 21 anos na época, com 19 anos, foi sentenciado a 16 anos, ambos em regime inicial fechado.  Segundo o MPSC (Ministério Público de Santa Catarina), Edson, que já estava separado da ex-companheira há mais de um mês, pretendia oficializar a separação. Ele procurou auxílio jurídico e anotou os documentos necessários para o pedido de divórcio.

No dia seguinte, retornou ao escritório com a documentação, momento em que a mulher lhe enviou mensagens para que fosse pessoalmente buscar dois documentos que estariam na casa do ex-casal. Mesmo receoso, o homem foi até a casa onde viveu por mais de 20 anos com a família, mas, ao chegar, foi brutalmente assassinado pela ex-esposa e pelo filho com 24 golpes de faca. A vítima tinha 43 anos quando foi morta.

De acordo com a tese apresentada pelo MPSC, por meio da promotora de Justiça, Greice Chiamulera Cristianetti, com o apoio da assistente de acusação, Aline Marques, o crime foi planejado para que mãe e filho pudessem obter vantagem financeira com a morte da vítima.

O objetivo era receber o valor do seguro de um financiamento bancário feito para a construção de um imóvel, pois o óbito da vítima quitaria o financiamento, além da pensão por morte. Os réus também sacaram o FGTS da vítima, recebendo mais de R$ 11.500 de verbas rescisórias, e ingressaram com a ação de inventário, que está suspensa até a decisão definitiva sobre o crime. O MPSC irá recorrer da decisão buscando o aumento das penas.

Amigos e familiares acompanharam o julgamento

Edson da Rosa, de 43 anos, foi morto com 24 facadas em Criciúma – Foto: Internet/Reprodução/ND

O assassinato comoveu a região, atraindo uma grande quantidade de pessoas para acompanhar o julgamento. Entre os presentes, estavam ex-colegas de trabalho da vítima. “Ele era um cara muito tranquilo, não era capaz de fazer mal a uma formiga, estava sempre disposto, brincando, querendo ajudar, acalmar as situações de dia a dia na empresa. Hoje a gente veio aqui em busca de ver a justiça sendo feita”, contou o ex-colega, Rafael Custódia Dias.

O proprietário da empresa onde o homem trabalhava na época em que o crime ocorreu, Estevão Pierini, permaneceu em plenário desde o início da sessão até o término, por volta de 1h da madrugada. Ele expressou a dor coletiva dos funcionários. “Hoje a gente está aqui com um sentimento enorme de revolta, de todos nós, de todos os funcionários, alguns inclusive que quiseram vir aqui ver pessoalmente o julgamento. Ele era um dos meus funcionários de confiança, honesto, paciente. Estou aqui com o coração pequeno, apertado, apenas esperando que a justiça seja feita”, relatou aos prantos.

Uma das irmãs da vítima, que acompanhou todas as etapas do julgamento, relembrou com carinho do irmão. “Casamentos não dão certo, acontece e faz parte, mas matar alguém por isso jamais poderia acontecer. Ainda lembro tanto dele, em momentos especiais. Estou aqui vendo tudo arrasada, sem chão. Justamente quando ele ia começar a viver uma nova vida, ia se separar, isso ocorreu. Só esperamos por justiça”, desabafou Vanusa Senna.

Três qualificadoras do assassinato

Promotora de Justiça, Greice Chiamulera Cristianetti – Foto: MPSC/Divulgação/ND

O homicídio foi agravado por três qualificadoras. A primeira foi o motivo torpe, uma vez que o assassinato foi motivado pelo desejo de lucro financeiro. A segunda foi o emprego de meio cruel, visto que a vítima sofreu intenso sofrimento físico ao ser esfaqueada no tórax e no abdômen 24 vezes. Por fim, houve a traição, já que a mulher atraiu o ex-marido ao local sob o pretexto de entregar-lhe documentos, aproveitando-se da confiança que ele ainda tinha nela.

“Infelizmente não é incomum termos homicídios e realizações de Tribunais do Júri, mas é, sim, incomum termos um caso tão vil como esse. O filho e a ex-esposa, com quem o Edson viveu 23 anos, colocaram um preço na vida dele, e isso é inaceitável. Hoje a sociedade criciumense pôde decidir que crimes, especialmente como esse, não são tolerados”, disse a promotora de Justiça, Greice Chiamulera Cristianetti.

Os réus, que já estavam presos preventivamente, tiveram negado o direito de recorrer em liberdade.

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