Dor ao escovar os dentes ou sentir o vento frio; morador de Brasília conta como é viver com ‘pior dor do mundo’


Aloisio de Azevedo recebeu diagnóstico de Neuralgia do Trigêmeo em 2022. Com 47 anos, ele enfrenta sequelas de uma cirurgia na cabeça e não pode mais trabalhar. Aloisio de Azevedo, de 47 anos, precisou passar por cirurgia na cabeça.
arquivo pessoal
Sentir o vento no rosto, escovar os dentes ou tomar um sorvete. Estas atividades parecem simples e rotineiras, mas para os pacientes com Neuralgia do Trigêmeo elas podem desencadear a pior dor do mundo.
É o que relata Aloisio de Azevedo, de 47 anos, de Brasília. Ele recebeu o diagnóstico de Neuralgia do Trigêmeo em 2022. “Tenho muitas dores, ao insuportável”, diz Aloisio.
“Minha vida mudou totalmente. Ao escovar os dentes vem a dor, fazer barba também, vento frio. Não consigo mais trabalhar”, conta Aloisio.
Esta segunda-feira (7) marca o Dia Mundial da Neuralgia do Trigêmeo. Para Aloisio, a data é uma oportunidade para conscientizar sobre a doença, seus sintomas, tratamentos e pesquisas.
📌 Neuralgia do Trigêmeo: a doença afeta o nervo trigêmeo, que fica no rosto e tem três ramificações. Segundo os especialistas, a dor causada pela doença é uma das piores do mundo, sendo comparada à sensações de “facadas” e “choques” (veja detalhes ao fim da reportagem).
Por causa da doença, Aloisio não pode trabalhar. Ele também enfrenta sérias sequelas de uma cirurgia na cabeça e recebe, há um mês, aposentadoria por invalidez permanente pelo INSS.
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O diagnóstico de Aloisio
“Tudo começou quando tive uma infecção estomacal e em seguida tive Covid-19 [em 2022]. Desde então, comecei a sentir fortes dores de cabeça e na face do lado direito”, lembra Aloisio.
Ele conta que as dores eram fortes, “como pontadas”, e havia uma sensação de queimação no rosto, que durava de segundos a dois minutos. Aloisio foi atendido por um médico otorrino e começou a tomar medicação para labirintite, mas as dores continuaram aumentando.
Depois de seis meses de tratamento, o médico pediu um exame de ressonância magnética. Foi quando ele recebeu o diagnóstico de neuralgia do trigêmeo.
Paralisia facial após cirurgia
Por causa do aumento da dor, Aloisio precisou passar por uma cirurgia de descompressão do nervo, no lado direito do rosto, há 1 anos e 4 meses.
“Essa cirurgia me deixou algumas sequelas, como paralisia facial do lado direito, perda da audição do ouvido do lado direito, devido uma lesão no nervo auditivo. Fiquei com problemas no equilíbrio do lado direito também, a língua ficou dormente da metade para fora. Sinto pouco gosto de sal, de açúcar”, diz Aloisio.
Há cerca de 10 meses, Aloisio de Azevedo faz um tratamento de reabilitação neurológica. Devido as sequelas da cirurgia, ele realiza sessões de fonoaudiólogo, além de usar quatro medicamentos. Além de tratar a dor, ele também precisa combater a depressão e a ansiedade.
“Quando você se deparar com uma situação impossível de resolver, não perca a esperança, tenha fé e acredite, pois tudo ficará em ordem”, diz Aloisio.
Entenda a doença
Nervo trigêmeo fica no rosto e possui três ramificações.
Bruna Azevedo/g1
Segundo o neurocirurgião Henrique Lira, a doença rara é causada por um processo irritativo do nervo. Por volta dos 40 ou 50 anos, a doença gera um “quadro doloroso muito intenso”.
O médico explica que o quadro clássico é relacionado a uma compressão do nervo por uma artéria no cérebro, gerando um processo irritativo no trigêmeo.
“Gera dificuldades do paciente se alimentar, higienizar o rosto. Piora com o frio, com o toque. Pacientes que querem fazer a barba, se maquiar, tomar um sorvete, algum líquido gelado, piora muito”, diz Henrique Lira.
O neurocirurgião também explica que, geralmente, os pacientes apresentam uma dor em “choque” intensa e em crises, ou seja, chega rápido e vai embora rápido. O doente pode apresentar várias crises ao longo do dia.
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