Apreensão de R$ 5 milhões: o que se sabe e o que falta saber sobre caso do coronel da PM investigado por suposta compra de votos no Pará


Coronel da PM, soldado e sócio de empresa do ramo da engenharia foram presos após sacarem quase R$ 5 milhões dois dias antes das eleições. Parte do dinheiro era para pagar funcionários de fazenda de candidato, segundo as investigações. Coronel da PM é preso após sacar R$ 5 milhões para supostamente comprar votos no Pará.
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O coronel Galhardo da Polícia Militar; o soldado Elis Martins e empresário do ramo da engenharia Geremias Hungria são investigados por suspeitas de compra de voto, após sacarem às vésperas das eleições quase R$ 5 milhões em uma agência bancária de Castanhal, município do nordeste do Pará. Leia, nesta reportagem, o que se sabe e o que falta esclarecer sobre o caso.
Parte do dinheiro pagaria funcionários de uma fazenda do deputado federal Antônio Doido (MDB), que nas eleições 2024 foi candidato a prefeito de Ananindeua, município metropolitana de Belém, segundo as investigações da Polícia Federal.
Os três foram autuados por crime de associação criminosa e tiveram a prisão mantida pela juíza Rosa Navegantes, da Corte Eleitoral do TRE, após o juiz Daniel Bezerra Montenegro Girão, da 50ª Zona Eleitoral de Castanhal, ter convertido a prisão em flagrante para preventiva a fim de garantir a ordem pública.
De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o coronel Galhardo doou R$ 46 mil para campanhas de Antônio Doido em eleições dos últimos 6 anos. A suspeita da PF é que os R$ 5 milhões foram sacados pelo coronel para compras de voto em benefício do deputado – o que ainda está sendo apurado.
Procurados pelo g1, o deputado, que não é alvo da investigação, e o MDB de Ananindeua não responderam. O g1 também pediu posicionamento da defesa de Galhardo, Elis e Geremias, mas não havia obtido resposta.
PF apreende cerca de R$ 5 milhões numa operação de combate a crimes eleitorais
Entenda, nesta reportagem, o que se sabe e o que falta saber sobre o caso:
Quem são os investigados?
Qual a ligação deles com o candidato?
O que foi apreendido?
O que ainda falta comprovar?
O que diz a defesa?
1. Quem são os investigados
Vídeo mostra momento da prisão após saque de quase R$ 5 milhões no Pará
Dois dias antes da votação no 1º turno das eleições, a PF prendeu três homens no Pará, sendo dois deles funcionários públicos, por suspeita de crime eleitoral. Uma denúncia anônima levou os policiais ao local da prisão.
Eles tinham acabado de deixar o banco após sacar quase R$ 4.980.000,00. “O dinheiro seria usado para compra de votos em favor de um político que se candidata a cargo nas eleições”, informou a PF.
Foram presos:
Francisco de Assis Galhardo do Vale, o coronel Galhardo: ex-comandante do 5° Batalhão de Policiamento Militar
Elis Dangeles Noronha Martins: soldado da PM
Geremias Cardoso Hungria: um dos sócios da empresa Jac Engenharia LTDA
A Justiça Eleitoral manteve a prisão, após pedido de habeas corpus, ao considerar que “não deixam dúvidas da necessidade de se manter a prisão preventiva, principalmente devido à proximidade do pleito”.
“A possível utilização de enorme quantia de dinheiro em compra de voto almejaria não outra coisa senão o intento de influenciar ilegalmente as eleições – e isso representa ingerência na lisura do processo eleitoral”, concluiu.
2. Qual a ligação deles com Antônio Doido
O coronel Galhardo é próximo ao deputado federal desde a época em que ele foi prefeito de São Miguel do Guamá.
Nas últimas eleições, ele fez doações que totalizaram R$46,4 mil às campanhas do deputado. Foram R$ 23.700 em 2022; R$ 20.000 em 2020; e R$ 2.786,33 em 20218.
Nas redes sociais, o deputado já publicou que considera Galhardo “grande amigo”.
Coronel da PM preso em Castanhal fazia doações a Antonio Doido, do MDB, nas últimas eleições.
Reprodução / Instagram
Já Geremias Hungria é um dos sócios da empresa Jac Engenharia LTDA, que tem como sócia-administradora Andrea Costa Dantas, esposa do deputado. A empresa faz parte do Consórcio Perna Norte, que venceu a licitação para as obras da Rua da Marinha até o canal do Benguí, em Belém, no valor de R$ 148 milhões.
As investigações não apontam relação comprovada do soldado Elis Martins com o deputado.
3. O que foi apreendido
PF apreendeu quase R$ 5 milhões e três foram presos por crime eleitoral
PF/Divulgação
Os policiais federais apreenderam na sexta-feira (4) o carro usado na hora do saque, além de celulares dos investigados. No dia seguinte à prisão, a Justiça Eleitoral em Castanhal retirou o sigilo dos celulares apreendidos.
De acordo com a PF, no carro conduzido por Geremias Hungria estavam R$ 380 mil. O valor, segundo ele e o coronel Galhardo, serviria para pagar funcionários da fazenda de Antônio Doido.
O restante do valor estava com Elis, segundo a PF.
4. O que ainda falta esclarecer
Segundo a Justiça Eleitoral, ainda não se sabe qual o destino dos R$ 4,6 milhões que estavam com o soldado Elis Martins dentro da agência bancária.
Também não se sabe se o pagamento dos R$ 380.000 seria para compra de votos.
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5. O que diz a defesa
No processo, os advogados afirmam que os investigados se declaram inocentes, não possuem antecedentes criminais, possuem endereços conhecidos pela polícia e que “os crimes imputados são afiançáveis, seja isoladamente, seja em concurso”, além de “não envolverem violência ou grave ameaça”.
No pedido de concessão de medidas cautelares em substituição à prisão, a defesa cita também que “ainda que o dinheiro apreendido fosse destinado para a ‘compra de votos’ (como alegou a Polícia Federal), não há nenhum risco de ser usado para tal finalidade, exatamente por conta da apreensão do valor”.
Por fim, a defesa também disse à Justiça Eleitoral que “a liberdade dos pacientes sob medidas cautelares diversas da prisão não acarretaria nenhum risco para o processo eleitoral”.
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