‘Vi a morte na minha frente’, relata jovem que estava no primeiro avião de brasileiros repatriados do Líbano


Aeronave pousou neste domingo (6) na Base Aérea de Guarulhos; Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recepcionou o grupo. Brasileiro resgatado do Líbano ajoelha após chegar ao Brasil
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“Foi difícil [o voo], mas foi bom. A gente está vivo, graças a Deus. O medo passou, o difícil passou. Eu vi a morte literalmente na minha frente. O dia que vi as bombas de perto, eu coloquei as mãos no ouvido, sentei no chão chorando esperando que a casa ia cair em mim”.
O relato é do jovem Karim, de 21 anos, que estava no primeiro voo de brasileiros repatriados do Líbano. O avião da Força Aérea Brasileira pousou na manhã deste domingo (6) na base aérea de Guarulhos. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acompanhou a chegada do grupo.
Karim contou que ele já morou no Líbano, mas ele tinha ido visitar amigos e familiares, com retorno previsto para novembro.
“No primeiro dia que cheguei no Líbano foi a primeira bomba em Beirute, e começou. Eu ia voltar em novembro, mas a companhia aérea parou as viagens. Aí veio o medo, e foi difícil. Minha mãe me ligava todo dia com medo de algo acontecer”, disse.
Karim, de 21 anos, relatou alívio com resgate do Líbano
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De acordo com informações da FAB, 228 pessoas embarcaram no voo, das quais 10 são crianças de colo. Além disso, também viajam três animais domésticos.
Uma criança com a bandeira do Líbano foi uma das primeiras a sair do avião. Em seguida, outro repatriado com a camiseta do Brasil saiu da aeronave e ergeu as mãos para o céu em gratidão. Na sequência, ele abraçou o presidente Lula e, em outro momento, ajoelhou em agradecimento (veja vídeo abaixo).
Há a previsão de que, após a chegada ao Brasil, a aeronave retorne para buscar uma nova lista de cidadãos que pediram ajuda do governo federal para deixar a zona de conflito entre Israel e o grupo extremista Hezbollah.
Repatriados do Líbano são recebidos por Lula na Base Aérea de Guarulhos
Operação Raízes do Cedro
A aeronave, do modelo KC-30, que faz parte da operação de resgate batizada de Raízes do Cedro decolou da Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, na madrugada de quarta-feira (2) e chegou a Portugal na manhã do mesmo dia.
A previsão era que este primeiro voo partisse na sexta-feira (4), mas a viagem acabou adiada por razões de segurança, e foi remarcada para a manhã deste sábado.
Avião da FAB com brasileiros resgatados no Líbano chega a SP
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Ao todo, quase 3 mil pessoas demonstraram disposição para voltar ao Brasil. A maioria é de moradores do Vale do Bekaa e da capital, Beirute.
O brigadeiro Marcelo Damasceno, comandante da Aeronáutica, informou que o Brasil tem capacidade para buscar 500 pessoas por semana no Líbano.
O Ministério das Relações Exteriores (MRE), por meio da embaixada em Beirute, segue em contato com os brasileiros que estão em território libanês para organizar novas operações de repatriação.
Brasileiro resgatado do Líbano abraça presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao chegar no Brasil
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Conflito armado
O Líbano tem sido alvo de bombardeios aéreos do Israel, que mira alvos do grupo extremista Hezbollah em território libanês.
Os ataques têm atingido também civis, e dois cidadãos brasileiros já morreram desde a intensificação dos combates a partir do dia 20 de setembro.
Na madrugada deste sábado (5), as Forças de Defesa de Israel tentaram uma nova operação por terra. O grupo extremista Hezbollah disse que militares israelenses tentaram se infiltrar em uma cidade do sul do país, o que resultou em conflitos armados. Além disso, Beirute voltou a ser bombardeada.
Forças de Israel fazem nova onda de bombardeios contra o Líbano
Desde a segunda-feira passada (23), o Itamaraty discute a necessidade de uma operação de repatriação. O grande ponto era a opção por qual rota seria usada para o resgate.
A embaixada em Beirute está fazendo consultas com comunidade local desde terça-feira da semana passada, e a procura de brasileiros que querem voltar ao país tem aumentado dia após dia.
Segundo fonte do Itamaraty, os números tendem a oscilar porque algumas famílias desistem, outras conseguem sair por conta própria e outras podem entrar na lista em decorrência do aumento dos riscos.
Em 2006, última grande crise militar entre Israel e Hezbollah, cerca de 3 mil brasileiros deixaram o Líbano.

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