Jovem surdo que viralizou compartilhando dia a dia reforça importância de quem trabalha com atendimento ao público saber Libras


Igor Bucioli, 28 anos, nasceu com surdez severa. Nas redes, ele tem vídeos virais onde contar detalhes da rotina, como por exemplo, como faz para acordar, além de desmistificar preconceitos e ensinar Libras. ‘Sou surdo, como me acordar?’, jovem viraliza ao compartilhar rotina em libras
O jovem Igor Bocioli, 28 anos, deficiente auditivo que tem viralizado compartilhando o dia a dia reforçou, em entrevista ao g1, sobre a importância de quem trabalha com atendimento ao público saber a Língua Brasileira de Sinais (Libras).
Com bom humor, o jovem tem conquistado seguidores ao compartilhar a rotina, como por exemplo, como faz para acordar, além de desmistificar preconceitos e ensinar aos seguidores gestos Libras. Assista ao vídeo acima.
“Muito importante as pessoas saberem um pouquinho [de Libras] no comércio por exemplo, saber perguntar se é crédito ou débito. […] também nos hospitais porque já aconteceu comigo, um desafio muito grande, eu fui levar o meu avô para atendimento e tive que escrever os sintomas que ele tinha”, frisou o jovem.
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Ele destaca que a língua é essencial, principalmente em momentos de emergência, como atendimentos médicos, ou em momentos como a pandemia da Covid-19, que impossibilitou, por exemplo, a leitura labial – técnica usada para comunicação de surdos, mas que ficou inviável frente ao uso das máscaras à época.
No vídeo em que explicou como faz para acordar, o jovem soma mais 3,4 milhões de visualizações em uma única rede social.
“‘Sou surdo. Como me acordar? Por ser surdo, não acordo com som […] Meu alarme é uma lâmpada que me avisa quando é hora de levantar”, contou nas redes sociais.
Igor Bucioli, 28 anos, é surdo e tem viralizado ao compartilhar vídeos da rotina dele
Redes Sociais/Arquivo pessoal
A descoberta da surdez e os vídeos para redes sociais
O diagnóstico da surdez veio após a família de Igor notar que ele não reagia a estímulos de som. Ele contou que o pai participava de competições de motocross e, apesar do veículo barulhento, não ouvia som algum.
Com ajuda profissional, a família descobriu que Igor é surdo por conta de um quadro de rubéola que a mãe dele teve durante a gestação.
A motocicleta foi vendida e, com o valor, a família comprou o primeiro aparelho auditivo para Igor. Na época, eles vivam no Mato Grosso do Sul e se mudaram para Cascavel para que ele pudesse estudar em uma escola inclusiva.
Depois de anos experenciando as dificuldades que pessoas com deficiência são diariamente submetidas, Igor se inspirou para reproduzir o que é rotineiro para ele, mas desconhecido para muitas pessoas, gerando a aproximação do que ele chama de “dois mundos”.
“Eu acredito que mostre uma perspectiva que para mim é normal, cotidiana, que às vezes famílias sentem isso, mas que a maioria das pessoas não sabem. Então as minhas postagens são uma forma de aproximar esses dois mundos, de ter essa perspectiva mostrada para mais pessoas”, frisou o jovem.
Pelas redes, mais que despertar curiosidade, o jovem diz querer que as pessoas se conectem com o que ele diz e aprendam, ao menos, sinais básicos de Libras.
“Como a minha família me descobriu surdo? Foi um momento bastante desesperador, as pessoas não sabiam como que eu ia me desenvolver, se era capaz, se eu poderia ter uma vida normal na sociedade. Então apresentar isso hoje é uma uma coisa boa, sabe? Mostra que sim, que que dá sim [para ter uma vida normal]”, compartilhou o jovem.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), apontam que cerca de 5% da população brasileira, pouco mais de 10 milhões de cidadãos, possuem deficiência auditiva. Destes, 2,7 milhões possuem surdez profunda, ou seja, não escutam nada.
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