A comédia brasileira não tem graça

Faço aqui uma breve compilação dos acontecimentos dos últimos sete dias, porque o conjunto da obra é bastante significativo. Contém Lula, mas não só.

Rolulando o Lero

Na sua visita a Portugal, Lula fingiu que não entendia português durante uma coletiva, ao ouvir uma pergunta incômoda de uma jornalista local. 

“Ao presidente do Brasil, que há uma semana afirmou que os países da União Europeia, entre os quais se inclui Portugal, estão contribuindo para a continuidade dessa guerra (entre Rússia e Ucrânia), eu pergunto se mantém essas palavras”, indagou a nossa colega, bem direta na sua ordem indireta.

Sem saída, inclusive porque o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, “traduziu-lhe” a pergunta, Lula teve de dizer algo e expeliu o seguinte:

“Deixa eu falar uma coisa sobre a guerra. Faz tempo que meu país tomou uma decisão de que nós condenamos a Rússia pela ocupação e por ferir a integridade territorial da Ucrânia. Entretanto, nós não somos favoráveis à guerra, nós queremos a paz”.

Pinóquio

No seu depoimento à Polícia Federal sobre o 8 de janeiro, Jair Bolsonaro disse que postou por engano, no Facebook, um vídeo que colocava em dúvida a lisura das urnas eletrônicas. A postagem foi feita dois dias depois do vandalismo golpista perpetrado por bolsonaristas nas sedes dos Três Poderes.

O ex-presidente, investigado como instigador do 8 de janeiro, disse que queria enviá-lo para si mesmo, a fim de assistir depois, mas cometeu um engano e postou no Facebook. A defesa de Jair Bolsonaro afirmou que, internado num hospital americano, por causa de fortes dores abdominais, ele estava sob efeito de morfina quando cometeu o engano, o que o teria confundido. Tanto que, duas horas depois, o vídeo foi apagado. A questão é que a dose de morfina que deram ao ex-presidente, 2mg, não é suficiente para atrapalhar a cabeça de ninguém.

Pau para toda obra

De acordo com o ex-secretario de Comunicação do governo federal, Fabio Wajngarten, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, veja só, deixou o estojo de joias presenteadas pela Arábia Saudita na cozinha do Palácio do Alvorada. Sim, na cozinha e por, pelo menos, dois dias. Valor estimado das joias: 2,5 milhões de reais.

“O presente foi recebido por assessores e depois foi entregue à dona Michelle, que o deixou por dois ou três dias na cozinha, nem identificando o que era. Dona Michelle, como o presidente, também não sabiam do que se tratava”, disse o intrépido Fabio Wajngarten.

De acordo com ele, Michelle Bolsonaro e Jair Bolsonaro só foram saber o que havia dentro do estojo 13 meses depois da chegada das joias ao Brasil. 

Argumento nefelibata

Anderson Torres, o ex-ministro da Justiça preso a mando de Alexandre de Moraes, por sua suposta omissão e conivência com os atos golpistas, entregou ao ministro senhas falsas para acessar a sua nuvem.

A defesa de Anderson Torres afirmou, em nota, que “é possível que as senhas tenham sido fornecidas equivocadamente, dado o seu grau de comprometimento cognitivo”. E explicou: “Nesse cenário, tendo em vista o atual estado mental do requerente, com lapsos frequentes de memória e dificuldade cognitiva, a confirmação da validade das senhas, na hodierna conjuntura, revela-se sobremaneira dificultosa.”

Anderson Torres é aquele que esqueceu o celular na Flórida, quando voltou ao Brasil para se entregar à PF.

A comédia brasileira não tem a menor graça, porque são eles que nos fazem de palhaços.

The post A comédia brasileira não tem graça first appeared on Metrópoles.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.