O Assunto #950: O caso Cuca e a violência de gênero no futebol


A condenação pelo crime de Berna ficou esquecida até que um movimento contra a violência de gênero no futebol se consolidou após a condenação de Robinho por estupro na Itália, três décadas depois. Ao assinar com o Corinthians, o treinador sofreu rejeição inédita e, sob pressão da torcida e imprensa, pediu demissão. Você pode ouvir O Assunto no g1, no GloboPlay, no Spotify, no Castbox, no Google Podcasts, no Apple Podcasts, na Deezer, na Amazon Music, no Hello You ou na sua plataforma de áudio preferida. Assine ou siga O Assunto, para ser avisado sempre que tiver novo episódio.
Em julho de 1987, o quarto 204 do Hotel Metropole, em Berna, foi o cenário do crime de estupro de vulnerável contra uma menina de 13 anos. Os acusados – que seriam condenados 2 anos depois pela Justiça suíça – eram quatro jogadores do Grêmio: são eles Eduardo, Fernando, Henrique e Alexi, conhecido desde aquela época como Cuca. O caso de Berna ficou esquecido até que um movimento contra a violência de gênero no futebol se consolidou após a condenação de Robinho por estupro na Itália, três décadas depois. Ao assinar com o Corinthians, o agora treinador sofreu rejeição inédita e, sob pressão da torcida e imprensa, pediu demissão. Para explicar o que a Justiça da Suíça afirma sobre o crime e o que mudou no mundo do futebol desde então, Julia Duailibi recebe André Rizek, apresentador do SporTV, e Gabriela Moreira, repórter de esportes da Globo. Neste episódio:
Rizek recorda como a imprensa e a sociedade trataram os atletas na época do crime: os quatro, afirma o jornalista, “receberam tratamento de vítima e foram recepcionados como heróis em Porto Alegre” e nem a condenação na Suíça impediu que seguissem suas carreiras;
Ele apresenta a alegação de Cuca de que nunca teria sido reconhecido pela vítima no processo, mas pondera que a “informação provavelmente é falsa”. Isso porque o advogado da vítima desmente essa versão e afirma que não só a menina identificou Cuca, como ainda teve comprovada por um exame laboratorial a presença do sêmen dele em seu corpo;
Rizek também avalia o posicionamento da torcida do Corinthians, que se posicionou pela saída do treinador em protestos públicos, reuniões internas e redes sociais – uma reação que avalia ter sido “mal dimensionada” pela diretoria ao contratar Cuca;
Gabriela justifica por que este episódio “já representa uma mudança de comportamento” do mundo do futebol em relação à violência de gênero. “É um avanço e as mulheres já não pregam mais sozinhas”, afirma;
A jornalista explica sua posição em relação à “ressocialização de condenados”: para ela, Cuca precisa “mostrar que prestou contas à sociedade” e, embora tenha tido a chance de refletir e se posicionar sobre o que fez, “não foi assim que ele agiu”.
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O podcast O Assunto é produzido por: Mônica Mariotti, Amanda Polato, Tiago Aguiar, Gabriel de Campos, Luiz Felipe Silva, Thiago Kaczuroski, Eto Osclighter e Nayara Fernandes. Apresentação nesta semana: Julia Duailibi.
Natuza Nery, apresentadora do podcast O Assunto
g1

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