Primeiros brasileiros que estavam no Sudão, que enfrenta confronto civil, chegam em São Paulo

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Mais sete pessoas devem chegar nesta sexta (28) ao Brasil, vindas de Londres. Eles conseguiram sair do Sudão depois de duas semanas de confrontos que já mataram mais de 500 pessoas. Chegaram nesta quinta-feira (27), em São Paulo, brasileiros que conseguiram sair do Sudão em meio a um conflito armado violentíssimo.
Um abraço demorado para marcar o fim de uma saga: o jogador Matheuzinho reencontrou a mulher e o filho de oito meses no aeroporto internacional de São Paulo, em Guarulhos.
“Eu estou muito feliz, muito contente. Ainda não caiu a ficha, porque eu vi amigos sendo mortos, eu passei próximo de corpos. Eu vi esse carinha aqui, sai de casa ele era bem pequenininho, sabe?”, emocionou-se o jogador ao falar do filho e completou: “Desculpa. A gente sai justamente para dar um futuro melhor para eles, sabe?”
O reencontro de Matheuzinho com a mulher e o filho
JN
O avião, que trouxe também outros dois brasileiros, pousou no fim da manhã, no Brasil. Mais sete pessoas devem chegar nesta sexta (28), vindas de Londres.
Eles conseguiram sair do Sudão depois de duas semanas de confrontos que já mataram mais de 500 pessoas. Os brasileiros que chegaram nesta quinta (27) vieram do Cairo, no Egito, e fizeram uma conexão em Doha, no Catar.
“Na hora que a gente chegou no Egito, a gente já extravasou, né? A gente já ficou ali todo mundo junto, conversando e brincando. O negócio principal era ter saído lá do Sudão. Quando saiu, já ficou mais tranquilo, aliviado. Agora é só encontrar a família”, contou o lateral direito do Al-Merreikh Alex da Silva.
Foi o fim de uma longa e arriscada jornada de quatro dias para voltar pra casa. O grupo de dez brasileiros, incluindo jogadores, membros da comissão técnica do clube Al-Merreikh e uma funcionária do Itamaraty, ficou preso no Sudão em meio a um conflito armado entre duas facções militares.
Os brasileiros embarcaram em um ônibus em Cartum, capital do Sudão, no domingo (23). De lá, seguiram até a fronteira com o Egito, um trajeto de mil quilômetros.
“A gente viajou 43 horas de ônibus. Aí uma hora você era parado por um, outra hora por outro, e aí o pessoal de lá ajeitou para gente sair, parava muito”, explicou Alex.
Matheuzinho registrou o drama dos sudaneses tentando escapar da violência e o caos no controle migratório para o Egito. Os jogadores brasileiros deram dinheiro para ajudar uma mulher que saía do país com os filhos.
“Eu perguntei para ela: ‘para onde você vai embora?’. Ela respondeu assim: ‘eu vou para o Catar’. Perguntei: ‘Você tem o dinheiro da passagem?’. Ela disse: ‘não, a única coisa que me restou foram essas pulseiras de ouro que eu vou vender para ir’. São cenas que ficam marcantes na memória , sabe?”, relatou Matheuzinho.
O que ele também não vai esquecer é o sorriso do filho Mateo, que acordou nesta quinta (27) pertinho do pai.
“Hoje eu estar com meu filho aqui no colo; é uma benção. Eu achei que não ia nem saber pegar no colo aqui”, falou Matheuzinho.
Nesta quinta (27), o exército sudanês e o grupo paramilitar que estão em conflito concordaram em estender por mais 72 horas o cessar-fogo para a saída de civis.

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