Jamaicano vem ao Brasil para estudar, decide empreender e abre restaurante “jazuca”


Formado em Odontologia pela USP, André Antonio James aplica métodos aprendidos em sala de aula no negócio.
Divulgação
O sotaque ao falar português não esconde: André Antonio James, 33 anos, não é brasileiro. Originalmente jamaicano, agora ele pode dizer que é um “jazuca”. A expressão, uma mistura de jamaicano com brazuca, também é usada para definir o restaurante Jerky’s, aberto por ele em São Paulo.
Quando James saiu de Kingston, onde nasceu, esse era um desfecho improvável, considerando que ele deixou o país de origem para estudar Odontologia, por meio de um programa diplomático, em 2010. Ao chegar ao Brasil, morou em Brasília para aprender o português antes de se mudar para São Paulo e, então, cumprir a jornada de estudos.
Com o diploma em mãos e a possibilidade de voltar para casa, os planos mudaram. O jamaicano percebeu o desejo de ficar e resolveu empreender: apostou na cozinha caribenha, fez sucesso e virou personagem de março nas inserções do VAE na Globo e Globo News.
VAE
“Todas as receitas são minhas, e elas agradam muito os brasileiros. É uma comida boa, simples e bem executada”, conta, sem revelar o segredo do jerk chicken, um legítimo churrasco jamaicano, e carro-chefe da casa.
Quando tudo começou, em 2019, ele fez um plano de negócios, conseguiu investidores e não tinha a intenção de ficar na cozinha. Com a pandemia, precisou se reorganizar. Foi então que resolveu elaborar os pratos, com pitadas do que aprendeu na Jamaica e o conhecimento adquirido no Brasil, inclusive na universidade, na montagem do cardápio.
“Muitas pessoas entendem como mudança, mas não enxergo desse jeito. Estudei na USP, uma das melhores universidades do mundo, e lá a gente aprende metodologia científica. Aprendi aplicado à Odontologia e apliquei ao empreendedorismo”, explica.
Como a abertura do salão para atendimento presencial demorou mais do que o planejado, James criou processos, o que considera crucial, e ganhou tempo para entregar tudo mais “redondo” ao cliente.
“Resolvemos coisas internas, como a padronização de receitas. Essa padronização é importante na saúde também, a gente segue protocolos. Então, apliquei na cozinha”, conta.
Cada experiência é muito bem aproveitada. Durante a faculdade, por exemplo, ele chegou a montar cursos e dar aula de inglês para comprar materiais, conquistando alunos com estratégias próprias de marketing.
Com o restaurante, a propaganda também tem sido fundamental e, na pandemia, fez toda a diferença na conquista dos primeiros “jazucas”.
Se depender do empreendedor, o Jerky’s vai se transformar em uma marca ainda mais conhecida e apresentar uma Jamaica além dos estereótipos, com referências que vão além de Bob Marley e do reggae. É o que ele tem feito e pretende seguir fazendo, de forma potencializada, quando transformar o restaurante em franquia.

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